Análises aos resíduos da Celtejo não podem ser divulgadas

DIAP informou inspecção do ambiente que o resultado das análises se encontra ao abrigo do segredo de justiça.

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Fábrica da Celtejo em Vila Velha de Rodão Ricardo Lopes

O Departamento de Investigação e Acção Penal  (DIAP) de Castelo Branco informou a Inspecção-Geral da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território (IGMAOT) que o resultado das análises feitas à saída da tubagem da Celtejo, em Vila Velha de Ródão, não podem ser divulgadas por se encontrarem em segredo de justiça.

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O Departamento de Investigação e Acção Penal  (DIAP) de Castelo Branco informou a Inspecção-Geral da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território (IGMAOT) que o resultado das análises feitas à saída da tubagem da Celtejo, em Vila Velha de Ródão, não podem ser divulgadas por se encontrarem em segredo de justiça.

“A Inspecção-Geral da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território, foi notificada pelo Departamento de Investigação e Acção Penal de Castelo Branco, de que todos os elementos já coligidos, bem como todos os demais elementos juntos e a obter, relativos à investigação no âmbito do processo de inquérito – Crime de Poluição no Rio Tejo – se encontram sujeitos a segredo de justiça”, revela a IGAMAOT em comunicado.

Informa ainda que” todos os órgãos, serviços, ou pessoas com contacto com o referido processo, estão impedidos de divulgar quaisquer informações, designadamente elementos de prova, resultados de análises ou de outras quaisquer diligências”.

O Ministério Público instaurou no dia 27 de Janeiro um inquérito a empresas de Vila Velha de Ródão, na sequência de uma participação-crime de poluição no rio Tejo apresentada pelo Ministério do Ambiente, revelou neste sábado a Procuradoria-Geral da República (PGR). Em investigação estão as empresas papeleiras Celtejo, Navigator e Paper Prime.

A queixa crime foi apresentada depois de ter sido detectada uma enorme mancha de espuma junto ao açude de Abrantes a 24 de Janeiro.

Já a 31 de Janeiro, a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) revelou que a carga poluente que afectou o rio Tejo na zona de Abrantes teve origem nas descargas da indústria da pasta de papel. As análises divulgadas mostraram que os níveis de celulose — que representam a totalidade da matéria vegetal presente — estavam cinco mil vezes acima dos níveis recomendados. A APA revelou ainda que a Celtejo era responsável por 90% das descargas feitas no rio na zona de Vila Velha de Ródão.

Na passada segunda-feira (dia 5), a Inspecção-Geral da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território (IGAMAOT) revelou análises feitas em vários colectores de empresas de Vila Velha de Ródão que mostram que duas empresas “concorrentes” da Celtejo (Navigator e Paper Prime) cumprem os valores de descarga de efluentes permitidos. As análises feitas à Celtejo não foram reveladas devido a dificuldades que atrasaram a sua recolha.

As análises reveladas não estavam ao abrigo do segredo de justiça por terem sido iniciadas antes de a investigação ter começado. Como as da Celtejo atrasaram, foram feitas quando a investigação já estava em curso e, por isso, não podem ser divulgadas.