No orçamento participativo, os animais ganharam aos incêndios
Proposta mais votada foi a construção de um abrigo para animais errantes num concelho que não tem canil municipal.
A construção de um abrigo para animais errantes foi a proposta mais votada no Orçamento Participativo (OP) promovido pela Câmara Municipal de Mira, deixando em segundo lugar uma proposta para kits de combate a incêndio. A iniciativa vencedora foi submetida pela Abrigo de Carinho - Associação dos Amigos dos Animais de Mira e acabou por recolher 489 votos, num universo em que votaram menos de 700 munícipes. O OP do concelho tem uma dotação orçamental de 50 mil euros.
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A construção de um abrigo para animais errantes foi a proposta mais votada no Orçamento Participativo (OP) promovido pela Câmara Municipal de Mira, deixando em segundo lugar uma proposta para kits de combate a incêndio. A iniciativa vencedora foi submetida pela Abrigo de Carinho - Associação dos Amigos dos Animais de Mira e acabou por recolher 489 votos, num universo em que votaram menos de 700 munícipes. O OP do concelho tem uma dotação orçamental de 50 mil euros.
Na verdade, a associação tem já um abrigo, mas funciona em instalações precárias, sem água nem electricidade, ocupando uma antiga vacaria que foi sofrendo pequenos melhoramentos. O resultado da votação significa o arranque de um projecto de “construção de raiz” de um equipamento que melhore as condições dos animais do abrigo, explica ao PÚBLICO Manuela Gabriel, da direcção da Associação dos Amigos dos Animais.
A falta de condições nas instalações dificulta o trabalho de cerca de 30 voluntários, principalmente no Inverno, conta a responsável. Actualmente o abrigo serve de casa a 180 cães. “Ajudamos alguns gatos, mas não temos espaço físico para eles”. E prossegue: “Não ajudamos mais porque não podemos. Neste momento estamos mais do que lotados”. O concelho de Mira não tem um canil municipal.
O trabalho dos voluntários começou a ser desenvolvido em 2011 e a associação formalmente constituída no ano seguinte. Para já, a Abrigo de Carinho encontrou outro terreno para a nova construção, mas há ainda alguns obstáculos. Manuela Gabriel explica que um abrigo com “condições simples mas práticas” ronda os 50 mil euros e que falta também elaborar um projecto das instalações.
Esta é a segunda boa notícia no espaço de um ano para a associação. Em 2017 assinaram com a câmara um protocolo de apoio que lhes permite receber 1200 euros mensais, uma ajuda que vem somar aos donativos privados.
“Agora é ver como vamos executar o projecto”, refere o presidente da Câmara Municipal de Mira, Raúl Almeida, que diz que o próximo passo é sentar-se com os membros da Abrigo de Carinho. A verba de 50 mil euros é para aplicar já este ano, avança.
Esta edição do orçamento participativo vem de 2017, uma vez que o calendário foi afectado pelo período eleitoral. Em segundo lugar, com 78 votos, ficou a proposta subscrita pelos quatro presidentes de Junta de Freguesia do concelho e pelo comandante dos Bombeiros Voluntários, que consistia em criar kits de combate a incêndio. Isto num município que viu arder cerca de 60% da sua área (zona urbana e florestal) nos incêndios de Outubro do ano passado. A ideia não foi a mais votada, mas o autarca de Mira admite vir a conversar com as juntas e ver “o que se consegue articular”. “O próprio OP é um indicador de ideias para o município e de o que a população acha que é necessário”, entende o presidente da câmara, pelo que a criação dos kits “está em cima da mesa”.
No incêndio de Outubro, a freguesia do Seixo estava já equipa com materiais do género e esteve em acção no dia 15, conta Raúl Almeida. O texto da proposta especifica que os kits seriam semelhantes aos utilizados pelas equipas de sapadores florestais, composto por material de extinção (depósito de água, motobomba, mangueira, batedores) e por material de criação de faixas de contenção (pá, ancinho, motosserra, motorroçadora). <_o3a_p>