Depois da queda, dia de nervosismo e volatilidade nos mercados

As bolsas arrancaram esta terça-feira com novas quedas, mas acabaram por recuperar parte das perdas ao longo do dia, tendo o Dow Jones fechado a valorizar 2,33%. O rumo para o futuro ainda está por definir

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Apesar do início da sessão em queda, o índice Dow Jones fechou a recuperar mais de 2% esta terça-feira STAN HONDA

Depois da queda do dia anterior, assistiu-se esta terça-feira a um dia em que os nervos estiveram sempre à flor da pele nos mercados accionistas mundiais. Tanto na Europa como nos Estados Unidos, após um arranque de sessão em queda, as bolsas oscilaram entre o pessimismo e o optimismo moderado, deixando ainda pouco claro qual será o rumo a seguir durante os próximos dias.

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Depois da queda do dia anterior, assistiu-se esta terça-feira a um dia em que os nervos estiveram sempre à flor da pele nos mercados accionistas mundiais. Tanto na Europa como nos Estados Unidos, após um arranque de sessão em queda, as bolsas oscilaram entre o pessimismo e o optimismo moderado, deixando ainda pouco claro qual será o rumo a seguir durante os próximos dias.

À partida para um dia de novas negociações na bolsa, as expectativas eram as mais sombrias dos últimos anos. Na segunda-feira, em Wall Street - que continua a marcar o ritmo a que seguem as restantes bolsas mundiais - os investidores tinham confirmado de forma definitiva que está agora instalado o medo de que as fortes valorizações dos últimos meses tenham colocado o valor das acções a um nível demasiado elevado, principalmente numa altura em que se tornou evidente para todos que a era das taxas de juro ultra baixas começou, mais de dez anos depois do início da crise financeira, a chegar ao fim.

Em Nova Iorque, o índice Dow Jones tinha caído mais de 4%. E, por isso, na manhã desta terça-feira na Europa, já depois de uma sessão também de forte queda nas bolsas asiáticas durante a madrugada, poucos eram os que antecipavam um dia positivo. E com razão. Em Berlim, Paris, Frankfurt e também Lisboa, o arranque foi de quedas muito acentuadas, prolongando a tendência negativa do dia anterior.

Na mente dos investidores estava principalmente a possibilidade de, mais tarde, quando a Bolsa de Nova Iorque abrisse, se voltar a assistir a sinais de pânico no mercado, que confirmassem o aprofundamento de uma crise nos mercados.

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Com o passar das horas, contudo, a situação melhorou ligeiramente. As indicações que eram dadas pelo mercado de futuros em Nova Iorque tornaram-se menos negativos e, nas diversas bolsas europeias, os índices recuperaram um pouco do valor perdido. Não o suficiente para tornar o dia positivo, contudo. Em Lisboa, o PSI-20 fechou nesta terça-feira a cair 1,46% e, no resto da Europa, os principais índices, com Londres à cabeça, fecharam a perder entre 2% e 3%, incluindo as bolsas da Alemanha, França, Itália e Espanha.

Em Nova Iorque, cuja sessão abre quando na Europa se está no início da tarde, a característica dominante da sessão bolsista desta terça-feira foi a grande volatilidade no valor das acções. Logo no arranque, registou-se uma queda de 2% no índice Dow Jones, mas pouco depois as acções começaram a recuperar, chegando em alguns momentos a negociar a níveis ligeiramente mais altos do que no dia anterior.

Já perto do final da sessão, o principal índice bolsista mundial voltou a terreno negativo. Acabou por fechar a recuperar 2,33% face a segunda-feira, nos 24.912,77 pontos. Pelo meio, o Dow Jones teve uma oscilação superior a 1100 pontos entre o valor máximo da sessão e o mínimo.

Esta grande volatilidade é uma característica típica dos mercados em fases de mudança de tendência em que a incerteza ainda impera.

Durante os últimos meses, os mercados bolsistas mundiais viveram num clima de quase euforia, em que nada parecia correr mal. As grandes economias mundiais, de forma sincronizada, têm estado a apresentar taxas de crescimento fortes, que já não se viam há muito tempo e em vários países (especialmente no EUA) anunciam-se políticas favoráveis às empresas, como cortes de impostos bastante agressivos.

O problema é que a confirmação deste ciclo de expansão tornou também claro que a política monetária de taxas de juro ultra baixas seguida nos últimos anos nos Estados Unidos e na Europa pode estar prestes a chegar ao fim.

Há sinais claros, nos dois continentes, de que os salários estão finalmente a subir e por isso, espera-se, será apenas uma questão de tempo para que a inflação suba, forçando as autoridades monetárias a retiraram os estímulos que têm oferecido às economias.

Para o valor das acções, isto pode ter consequências importantes, limitando os efeitos positivos do crescimento da economia. Em primeiro lugar, taxas de juro mais altas significam um aumento dos custos de endividamento das empresas. E, em segundo lugar, com as taxas a subir, as obrigações (que são uma alternativa às acções na hora de decidir onde investir) tornam-se outra vez mais atractivas para os investidores, principalmente se imperar a ideia de que as acções, depois de subidas acima de mais de 20% nos meses anteriores, ficaram sobrevalorizadas.

Para os próximos dias, o rumo a seguir pelos mercados ainda não é claro, depois das últimas duas sessões. Apenas uma coisa é certa: será definido pelo peso que será dado aos factores positivos (a confirmação do crescimento forte da economia) e aos factores negativos (o regresso de taxas de juro mais altas). Com Victor Ferreira