Cinema Trindade chegou aos 50 mil espectadores no primeiro ano

Manter um cinema de rua no Porto com sessões diárias parecia uma ideia romântica, mas, um ano após a reabertura da sala, a afluência regular do público sugere que valeu a pena correr o risco.

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PAULO PIMENTA

Um ano após a reabertura, o Cinema Trindade continua a ser o "único cinema de rua" do Porto com sessões diárias, uma ideia bastante arriscada, mas que parece estar a ter algum sucesso, já que a sala contabilizou cerca de 50 mil espectadores nestes primeiros 12 meses.

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Um ano após a reabertura, o Cinema Trindade continua a ser o "único cinema de rua" do Porto com sessões diárias, uma ideia bastante arriscada, mas que parece estar a ter algum sucesso, já que a sala contabilizou cerca de 50 mil espectadores nestes primeiros 12 meses.

O balanço foi feito à Lusa por Américo Santos, fundador da Nitrato Filmes e responsável pelo Cinema Trindade, que a 5 de Fevereiro de 2017, após quase duas décadas de inactividade, reabriu as portas no centro do Porto, com duas salas (de 169 e 183 lugares) e quatro sessões diárias em cada, todos os dias da semana.

"Reabrir um cinema de rua parecia uma aventura, uma ideia demasiado romântica, mas tem sido surpreendente, os portuenses agarraram a sala", diz Américo Santos. "Abriu no momento certo, numa altura de grande movimento cultural e turístico na cidade."

Para o futuro do espaço que remonta a 1913 (foi inaugurado como Salão Jardim e incluía sala de espectáculos com cinema, salão de festas, café, bilhares e terraço), Américo Santos tem em mente "manter a dinâmica" criada por uma agenda que cruza a programação regular e "uma programação temática, mais criativa". "Esse cruzamento tem-se revelado uma mais-valia", vinca, e a intenção é, por isso, "tentar manter a regularidade".

E "manter é a grande dificuldade das salas de cinema", observa. "É sempre muito perigoso cair no conformismo", diz, ressalvando que "a adesão muito grande dos portuenses" é permite algum optimismo. 

Quanto ao financiamento do projecto, Américo Santos destaca o "apoio à exibição do Instituto do Cinema" e assegura que a sala "tem actualmente um funcionamento sustentável".

No imediato, a aposta vai para o "programa especial", que tem quase o perfil de festival de cinema", pensado para assinalar o primeiro aniversário do regresso do Trindade. A festa arranca esta segunda-feira, dia 5, e continua até 16 de Fevereiro, dia em que esta nova fase da vida da sala cumpre um ano, contado desde o arranque da sua programação regular.

Uma antestreia diária é a promessa de Américo Santos para estes dias de festa. Da agenda fazem parte filmes como Olhares Lugares, de Agnès Varda e JR (já esta segunda-feira, às 21h45), Human Flow  Refugiados, de Ai Weiwei, no dia seguinte, e Amor Amor, de Jorge Cramez, na quarta-feira.

Na quinta e na sexta-feira serão respectivamente exibidos Radio Dreams, de Babak Jalali, e The Florida Project, de Sean Baker. Um Monstro de Mil Cabeças, de Rodrigo Plá, é projectado no sábado, e no domingo, dia 11, o Trindade recebe Manifesto, de Julian Rosefeldt.

Seguem-se As Acácias, de Pablo Giorgelli (dia 12), Ramiro, de Manuel Mozos (dia 13), Love Me Not, de Alexandros Avranas (dia 14), The Third Murder, de Hirokazu Kore-eda (dia 15), e Downsizing – Pequena Grande Vida, de Alexander Payne (dia 16).

Da programação de aniversário fazem ainda parte um país convidado, o Brasil, e um realizador "em foco", Carlos Nader, de quem serão exibidos os filmes Beijoqueiro: Portrait of a Serial Kisser (dia 100), Chelpa Ferro (dia 11) e Pan-Cinema Permanente (dia 11).

O cinema português também vai estar em destaque, com filmes como O Dia em que as Cartas Pararam, de Cláudia Clemente, que será exibido no dia 10.