Mais de 107 mil candidatas a 140 vagas de emprego para mulheres

Agência de controlo fronteiriço da Arábia Saudita recebeu mais de 100 mil candidaturas em menos de uma semana.

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Esta é mais uma tentativa de fomentar a igualdade de género na Arábia Saudita, aumentando a percentagem de mulheres no mercado de trabalho Reuters/FAISAL Al NASSER

A agência de controlo fronteiriço da Arábia Saudita abriu, pela primeira vez, um concurso direccionado para mulheres – trata-se de 140 vagas para trabalhar em aeroportos e outros pontos de controlo fronteiriço. De acordo com a Direcção-Geral de Passaportes saudita, em apenas uma semana, já foram recebidas mais de 107 mil candidaturas – ou seja, há mais de 700 candidatas para cada vaga. Citada pela CNN, a mesma fonte afirmou que a página do concurso foi vista mais de 600 mil vezes.

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A agência de controlo fronteiriço da Arábia Saudita abriu, pela primeira vez, um concurso direccionado para mulheres – trata-se de 140 vagas para trabalhar em aeroportos e outros pontos de controlo fronteiriço. De acordo com a Direcção-Geral de Passaportes saudita, em apenas uma semana, já foram recebidas mais de 107 mil candidaturas – ou seja, há mais de 700 candidatas para cada vaga. Citada pela CNN, a mesma fonte afirmou que a página do concurso foi vista mais de 600 mil vezes.

Para poderem concorrer, as mulheres têm de cumprir alguns requisitos: devem ser nascidas e criadas na Arábia Saudita, ter entre 25 e 35 anos e educação secundária ou equivalente.

A abertura deste concurso é feita no âmbito do plano Vision 2030, pensado e posto em prática pelo príncipe-herdeiro, Mohammad bin Salman. No âmbito do Vision 2030, estão previstas várias reformas económicas e sociais, com vista a limitar a dependência face ao petróleo – nomeadamente através do aumento do investimento estrangeiro e da venda de uma parte da gigante petrolífera estatal. Esta é uma reacção aos efeitos negativos que a descida do preço do petróleo teve na economia do país.

Um dos objetivos do príncipe-herdeiro é aumentar a percentagem de mulheres sauditas no mercado de trabalho: dos actuais 22% para 30% até 2030. “As mulheres sauditas são um dos nossos maiores trunfos. Com mais de 50% dos nossos estudantes universitários a serem mulheres, queremos continuar a desenvolver os seus talentos, investir nas suas capacidades produtivas e permitir que fortaleçam o seu futuro e contribuam para o desenvolvimento da nossa sociedade e economia”, lê-se no documento de apresentação do Vision 2030.

Estas 140 vagas para os postos fronteiriços serão essenciais para cumprir outro dos objetivos do Vision 2030: aumentar o turismo, que passará a ser uma possibilidade com a emissão dos primeiros vistos de turismo. Até agora, só se podia entrar na Arábia Saudita com visto de trabalho ou com uma autorização para visitar locais religiosos.

Esta é mais uma tentativa de fomentar a igualdade de género na Arábia Saudita, um dos países do mundo em que a vida das mulheres é mais difícil. Este ano, as mulheres sauditas já puderam assistir ao seu primeiro jogo de futebol num estádio – uma medida anunciada em 2017 e aplicada em apenas três estádios do país. Também em 2018, as mulheres sauditas esperam poder conduzir  pela primeira vez, depois do decreto real de Setembro do ano passado.