Apesar dos “casos”, Filipe Vieira continua a ser consensual no Benfica
Entre os benfiquistas, por enquanto, a actuação do presidente do clube “encarnado” não gera desconfianças.
O futebol, sabe-se, é propício ao conformismo. Os títulos funcionam como combustível para as lideranças e são raros os casos de contestação a dirigentes vitoriosos. Luís Filipe Vieira, o presidente que há mais tempo está à frente dos destinos do Benfica (desde 2003), é um caso paradigmático. Teve um início de mandato onde ainda se escutaram algumas vozes contestatárias, mas as conquistas no futebol foram calando os críticos. E nem os “casos” que o têm envolvido parecem delapidar o capital de confiança que foi construindo junto dos benfiquistas, que o elegeram em 2016 para mais um mandato (o quinto) com 95,52% dos votos, num acto eleitoral em que não teve concorrência.
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O futebol, sabe-se, é propício ao conformismo. Os títulos funcionam como combustível para as lideranças e são raros os casos de contestação a dirigentes vitoriosos. Luís Filipe Vieira, o presidente que há mais tempo está à frente dos destinos do Benfica (desde 2003), é um caso paradigmático. Teve um início de mandato onde ainda se escutaram algumas vozes contestatárias, mas as conquistas no futebol foram calando os críticos. E nem os “casos” que o têm envolvido parecem delapidar o capital de confiança que foi construindo junto dos benfiquistas, que o elegeram em 2016 para mais um mandato (o quinto) com 95,52% dos votos, num acto eleitoral em que não teve concorrência.
Não é, por isso, fácil encontrar uma voz claramente crítica ou contestatária entre os benfiquistas quando está em causa Luís Filipe Vieira. Depois de várias notícias em que o clube e a gestão do seu líder nos últimos anos foi posta em causa com a divulgação pública de mails internos do clube, insinuando-se com a existência de um esquema para influenciar as arbitragens; depois das notícias que dão conta de investigações sobre um alegado pagamento a adversários para perderem um jogo com o Benfica; depois das denúncias, por parte do presidente do Sporting, da oferta de vouchers a árbitros de futebol e observadores, as mais recentes notícias e suspeitas a envolverem Filipe Vieira são sempre enquadradas neste contexto.
Jaime Antunes, que chegou a ser candidato à presidência do clube, sintetiza esta ideia de forma simples. “Sou daqueles que, ao longo do tempo, tem chamado a atenção para vários aspectos ligados à gestão de Filipe Vieira. Mas, quando os principais rivais estão a fazer uma campanha contra o Benfica em que vale tudo, não posso, nesta altura, estar a expor as minhas dúvidas sob pena de ir dar força aos nossos adversários”, afirmou.
No entanto, este conhecido e empenhado associado benfiquista admite que o que se tem passado não é bom. “Como sócio do Benfica, choca-me ver o nome do Benfica envolvido neste tipo de questões. Mas é preciso frisar que o Benfica, enquanto instituição, não está envolvido”, acrescentou.
Jaime Antunes acrescenta ainda a ideia de que, por enquanto, apenas estão em curso investigações, não existindo nada concreto - “Uma coisa é a suspeita de determinada prática, outra é demonstrar que ela, efectivamente, aconteceu” – mas não deixa de manifestar o seu desconforto: “Se me pergunta se me sinto confortável com tudo isto, não, não me sinto”.
Gaspar Ramos, ex-dirigente “encarnado”, foi outro dos sócios do Benfica com maior visibilidade que aceitou comentar o caso, depois de várias tentativas junto de outros e que foram sendo, simpaticamente, recusadas.
Tal como para Jaime Antunes, o facto de Luís Filipe Vieira ser arguido não significa que seja culpado – “há que separar as duas coisas, mas a grande maioria das pessoas liga uma coisa à outra”.
E para o antigo responsável pelo futebol benfiquista, as notícias mais recentes e que têm envolvido o actual presidente do clube também são vistas à luz de uma campanha que visa desacreditar o presidente “encarnado” e desestabilizar o clube.
No entanto, também reconhece que, esta sucessão de “casos” “afectam sempre a imagem pública do clube”, ainda que confesse a sua convicção de que, apesar de tudo o que tem sido dito, se Filipe Vieira fosse a votos, seria novamente eleito presidente por larga margem.