Bitcoin voltou a descer abaixo dos dez mil dólares
Preço está a ser pressionado por regulação, suspeitas de manipulação de mercado e notícias de um roubo de grandes dimensões.
A bitcoin voltou nesta terça-feira a descer abaixo da barreira dos dez mil dólares em algumas bolsas, antes de voltar a recuperar rapidamente para valores ligeiramente acima daquela fasquia. Como habitual, a queda arrastou também as restantes criptomoedas.
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A bitcoin voltou nesta terça-feira a descer abaixo da barreira dos dez mil dólares em algumas bolsas, antes de voltar a recuperar rapidamente para valores ligeiramente acima daquela fasquia. Como habitual, a queda arrastou também as restantes criptomoedas.
A desvalorização aconteceu no mesmo dia em que entraram em vigor novas regras de transparência para as transacções na Coreia do Sul, um país onde esta tecnologia é popular. Também têm vindo a público preocupações sobre possíveis manipulações de mercado e práticas fraudulentas, e foi noticiado há poucos dias um roubo de grandes dimensões numa bolsa japonesa.
O preço da bitcoin está numa tendência negativa desde o início do mês, depois de ter atingido em Dezembro picos próximos dos 20 mil dólares. Para os investidores mais antigos, as descidas em Janeiro não são uma novidade e já em anos anteriores a bitcoin teve quedas significativas nesta altura do ano, voltando depois a recuperar e ultrapassar os preços anteriores.
Este ano, porém, a queda é mais significativa e, graças ao grande interesse gerado pela bitcoin ao longo de 2017, afecta mais pessoas. Em Janeiro de 2016, a bitcoin caiu cerca de 26% face ao pico do mês de Novembro anterior, para um preço em torno dos 358 dólares. Em Janeiro de 2017, atingiu os 1176 dólares antes de cair 35%, para 761 dólares. A queda actual está próxima dos 50% em relação à valorização de Dezembro.
Um dos factores a pressionar o preço pode ser a regulação na Coreia do Sul, em cujas bolsas a bitcoin atinge frequentemente preços mais elevados do que no resto do mundo. Naquele país, passou a ser obrigatória a identificação de quem compra e vende criptomoedas, através de uma conta bancária. O objectivo é combater o uso de criptomoedas para actividades ilegais e também reduzir a especulação neste mercado, indica um documento das autoridades coreanas.
Por outro lado, no final da semana passada, foi roubado o equivalente a 530 milhões de dólares (427 milhões de euros) numa criptomoeda chamada NEM, através de um ataque informático à bolsa Coincheck, com sede no Japão (o país onde, há uns anos, um roubo ao que era então a maior bolsa de bitcoins do mundo deixou muitos utilizadores sem os fundos que tinham investido). Nesta terça-feira, a agência Reuters avançou que os atacantes estavam a tentar movimentar os fundos roubados. A notícia veio dar mais visibilidade ao caso.
A confiança dos investidores estará também a ser afectada por uma preocupação crescente em relação a possíveis manipulações de mercado. Uma das causas é uma moeda chamada tether. A empresa homónima por trás desta moeda afirma ter um dólar em depósitos para cada tether emitido. A moeda é usada em muitas bolsas online como um substituto do dólar, para agilizar transacções com outras criptomoedas. Há, no entanto, suspeitas de que aqueles fundos em dólares não existam e de que tenham sido criadas moedas com o objectivo de inflacionar o preço de bitcoins.
O conhecido economista Nouriel Roubini é um dos que tem dado eco a esta suspeita, incluindo através de mensagens em redes sociais. Roubini tem também sido crítico das bitcoins e restantes criptomoedas, afirmando que são uma bolha especulativa.
Nesta terça-feira, a agência Bloomberg noticiou que as autoridades americanas estão a investigar a Tether, bem como a Bitfinex, uma bolsa de transacções. Ambas são dirigidas pelas mesmas pessoas.