170 mulheres da BBC exigem um pedido de desculpa e salários rectroactivos
Empresa irá lançar um novo quadro salarial, assente na transparência, mas recusa acusações de violação dos direitos laborais.
Um grupo de 170 mulheres do canal britânico BBC exige um pedido de desculpa, salários retroactivos e que as reformas sejam ajustadas para combater a desigualdade salarial entre homens e mulheres.
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Um grupo de 170 mulheres do canal britânico BBC exige um pedido de desculpa, salários retroactivos e que as reformas sejam ajustadas para combater a desigualdade salarial entre homens e mulheres.
A decisão reflecte uma discussão sobre a disparidade salarial que ganhou dimensão quando, no início do ano, Carrie Gracie se demitiu do cargo de editora da BBC China como forma de denunciar a “cultura salarial secreta e ilegal” da empresa, por não ter o mesmo salário que os seus colegas homens que ocupam funções idênticas. Depois disso, seis apresentadores do canal britânico aceitaram negociar as suas condições salariais para equilibrar as desigualdades em relação à remuneração da equipa.
Para sustentar as suas condições, o grupo de quase duas centenas de mulheres reuniu um conjunto de provas que mostra que o canal tem, sistematicamente, atribuído ordenados díspares a homens e mulheres, mantendo o fosso salarial entre géneros em várias funções na empresa.
Os 14 exemplos citados correspondem a mulheres cujos salários são mais baixos do que os dos seus colegas de sexo masculino, que executam exactamente o mesmo cargo. Além disso, foram encontradas diferenças em relação às condições contratuais, que são geralmente piores para as mulheres do que para os homens da BBC, e não incluem, por exemplo, licença médica ou de maternidade.
Uma das jornalistas, Eleanor Bradford, correspondente da BBC Escócia na área da Saúde durante 15 anos, entre 2001 e 2016, alega só ter sido aumentada quando citou a lei de paridade salarial, e, ainda assim, o seu salário anual era “10.000 libras [cerca de 11.380 euros] inferior a alguns colegas de sexo masculino, que estavam a desempenhar funções idênticas ou semelhantes”.
Conta o Guardian que uma outra apresentadora de rádio, que preferiu manter-se anónima, foi considerava “agressiva” por ter defendido um pagamento salarial igual entre géneros.
Em Outubro foi publicado um relatório no cumprimento de um requerimento a que todas as grandes organizações tiveram de responder. O estudo detectou uma desigualdade salarial com base no género de 9,3%, um valor inferior à média nacional (18,1%). Sabe-se também que dois terços dos maiores salários correspondem a funcionários do sexo masculino.
De acordo com a informação avançada esta terça-feira pelo Guardian, o canal britânico irá reconhecer alguns erros no pagamento dos salários a algumas apresentadoras no passado, mas continua a defender que não quebrou nenhuma regra sobre igualdade salarial.
Uma fonte da BBC disse que as novas propostas representariam uma "revisão ampla e significativa de como iriam gerir o dinheiro de apresentadores", acrescentando que o canal britânico está "na vanguarda de uma ampla mudança”.
“Este novo quadro permitirá que os apresentadores saibam onde estão e garante que tenham conhecimento sobre o pagamento em relação aos outros. Basear-se-á na justiça e na igualdade. Juntamente com isso, será complementado por dados e análises."