Orlando Figueira garante que nunca chamou loura a Manuel Vicente
Arguido da Operação Fizz continua a não conseguir explicar anotações que fez em linguagem cifrada. E assegura que não ia fugir para Angola quando foi preso.
O bloco de notas do ex-procurador Orlando Figueira esteve outra vez na berlinda esta segunda-feira em tribunal, com o arguido a insistir que não se recorda das anotações que ali fez em linguagem cifrada em 2011.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
O bloco de notas do ex-procurador Orlando Figueira esteve outra vez na berlinda esta segunda-feira em tribunal, com o arguido a insistir que não se recorda das anotações que ali fez em linguagem cifrada em 2011.
Pelo seu punho, aparecem na agenda anotações “Ricky Martin está envolvido na lavagem de um par de meias brancas” e referências a uma personagem loura, bem como a um Angolagate. Pela segunda vez numa semana o juiz que dirige os trabalhos no Campus da Justiça, em Lisboa, quis saber o que significavam. E pela segunda vez o ex-procurador do Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP) assegurou não se lembrar. “Normalmente quem usa linguagem codificada não se esquece dela”, observou-lhe o juiz.
De uma única coisa o arguido disse estar certo neste assunto: não seriam referências aos dois processos que fez arquivar e nos quais figurava como suspeito o ex-presidente de Angola, Manuel Vicente, que segundo a acusação lhe terá pago luvas para que o ilibasse. Seriam antes, isso sim, alusões a outro processo que tinha em mãos, também relacionado com Angola, mas que nada tinha a ver com este. Portanto, concluiu, nunca poderá ter chamado “loura” a Manuel Vicente. Nem Ricky Martin. Ninguém perguntou a Orlando Figueira se seriam alcunhas por que seriam conhecidos alguns dos seus colegas do DCIAP.
Mas qual a razão de usar linguagem codificada na sua agenda pessoal? “Era para o caso de alguém entrar no meu gabinete e lê-la”, justificou.
Em cativeiro há cerca de dois anos, primeiro na cadeia e no último ano e meio em prisão domiciliária, Orlando Figueira diz que, ao contrário do que pensam as autoridades judiciais que o mantêm privado de liberdade e proibido de falar com a maioria das pessoas com quem se relacionava – à excepção da família –, nunca pensou em fugir para Angola.
Quando foi detido tinha acabado de receber um visto para poder entrar naquele país, mas isso tinha a ver com o facto de estar na altura a representar, na qualidade de advogado, um arguido do caso dos vistos gold, o angolano Eliseu Bumba, com quem se ia encontrar em Luanda quando foi preso.