Líder da UGT diz que há “agitadores profissionais” na Autoeuropa
Carlos Silva incita trabalhadores a reagir a “pressão da esquerda radical”
O secretário-geral da UGT, Carlos Silva, afirma que há “agitadores profissionais” nos representantes dos trabalhadores da Autoeuropa, queixa-se de estar afastado do processo e incita os colaboradores a reagir à “pressão da esquerda radical”. O aviso foi deixado durante uma intervenção nas jornadas parlamentares do CDS em Setúbal.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
O secretário-geral da UGT, Carlos Silva, afirma que há “agitadores profissionais” nos representantes dos trabalhadores da Autoeuropa, queixa-se de estar afastado do processo e incita os colaboradores a reagir à “pressão da esquerda radical”. O aviso foi deixado durante uma intervenção nas jornadas parlamentares do CDS em Setúbal.
No distrito onde se situa a fábrica da Volkswagen – e o mediático conflito laboral – o líder da UGT foi duro sobre a CGTP e a Comissão de Trabalhadores (CT) daquela empresa. “Era importante que os trabalhadores ficassem cientes de que ou há estabilidade interna ou os administradores podem perder a paciência”, afirmou, referindo que há outros “países interessados” em acolher a fábrica automóvel. Carlos Silva assume que “há uma tentativa de controlar a Comissão de Trabalhadores, e uma voz única” e disse esperar que os trabalhadores “saibam reagir a esta pressão da esquerda radical”.
Sem se referir ao PCP directamente nesta matéria, o líder da UGT disse que há “agitadores profissionais” nos plenários de trabalhadores da Autoeuropa e que “a revolução de 1917 não foi há muito tempo”. Carlos Silva fez questão de demarcar a actual CT da anterior presidida por António Chora (afecta ao Bloco de Esquerda), lembrando que a prática anterior era a de chamar os sindicatos para a mesa das negociações. “Não sei se [a actual CT] chamou o sindicato da CGTP, a nós não chamou. Porque é que não chama o nosso sindicato?”, questionou.
Numa curta intervenção – ao lado de António Saraiva, presidente da CIP – Carlos Silva começou por sair em defesa da concertação social contrariando “artigos” que tem lido de figuras ligadas ao PCP e a própria postura da CGTP neste fórum ao nunca ter subscrito qualquer acordo. “Se for para ir lá fazer propostas e não aceitar nada deixo a pergunta: Para que é que serve a concertação? Nós estamos lá para o diálogo social”, afirmou. As críticas à CGTP também se ouviram da boca do representante dos patrões. “A CGTP viu ali uma oportunidade, colocando um vírus na empresa”, afirmou António Saraiva, fazendo o contraste com a Comissão de Trabalhadores presidida por António Chora.
Os dois oradores do painel sobre competitividade e emprego concordaram na ideia de que este Governo está a desvalorizar a concertação social e a levar as questões para o Parlamento. “O diálogo social tem sido dificultado, o Governo tem preferido levar para o Parlamento matérias que não devem ser da exclusiva responsabilidade da concertação mas que devem ser discutidas previamente”, apontou António Saraiva.