Roger Federer chega à nota 20 na Austrália

O tenista suíço, de 36 anos, diz que "o conto de fadas continua".

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O triunfo de Roger Federer no Open da Austrália foi dos mais aguardados dos últimos anos, mas nem por isso menos relevante: foi o 20.º título do Grand Slam do suíço, o que corresponde a 10% de todos os majors realizados na Era Open (desde 1968). Após a vitória sobre Marin Cilic, em cinco sets, toda as emoções vividas por Federer desde as meias-finais transformaram-se em lágrimas. Pela primeira vez desde 2007, o suíço de 36 anos venceu as três últimas finais do Grand Slams que disputou.

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O triunfo de Roger Federer no Open da Austrália foi dos mais aguardados dos últimos anos, mas nem por isso menos relevante: foi o 20.º título do Grand Slam do suíço, o que corresponde a 10% de todos os majors realizados na Era Open (desde 1968). Após a vitória sobre Marin Cilic, em cinco sets, toda as emoções vividas por Federer desde as meias-finais transformaram-se em lágrimas. Pela primeira vez desde 2007, o suíço de 36 anos venceu as três últimas finais do Grand Slams que disputou.

“O conto de fadas continua. Depois do grande ano que tive, é incrível”, reconheceu Federer, após erguer a Norman Brookes Challenge Cup pela sexta vez, igualando os recordistas Roy Emerson e Novak Djokovic. A voz embargada não deixou dúvidas quanto à ansiedade por este momento. “Foi um longo dia à espera da final. Quando é noite, pensamos no encontro durante todo o dia. É duro”, justificou o mais velho campeão do Grand Slam desde Ken Rosewall em 1971.

Enquanto as lágrimas escorriam pela cara de Federer, a mulher, Mirka, sorria, a mãe aplaudia, o pai emocionava-se igualmente e o lendário Rod Laver, de telemóvel em punho, recordava o momento. “Penso que foi porque cheguei às finais muito depressa, as ‘meias’ foram curtas e tinha muitas emoções dentro de mim porque não tive que ir até ao limite como no ano passado, frente a Nishikori e Stan. Quando pensei no que ia dizer, todos os assuntos que abordei eram mesmo significativos e emocionais. Ao mesmo tempo, fico contente por mostrar as minhas emoções e partilhá-las com o público”, explicou mais tarde. “Todo o dia estive a pensar como me iria sentir se ganhasse, como me iria sentir se perdesse; estou tão perto, no entanto, tão longe. Passei todo o encontro assim. Já tive momentos assim, mas não de forma tão intensa como hoje”, admitiu o suíço, que só conseguiu impor-se a Cilic (6.º no ranking) ao fim de três horas: 6-2, 6-7 (5/7), 6-3, 3-6 e 6-1.

Na 30.ª final que disputou em torneios do Grand Slam, Federer dispôs da vantagem de um break em todos os cinco sets e até de um mini-break no jogo decisivo da segunda partida. Sob o tecto da Rod Laver Arena, devido à extrema humidade combinada com o muito calor, Federer entrou melhor e, em menos de 15 minutos, vencia por 4-0, sentenciando o set inicial.

Cilic, que só tinha ganho dois pontos no serviço adversário, começou a servir melhor no segundo set e a ganhar confiança nos jogos de resposta, mas ninguém aproveitou os três break-points que cada um dispôs. A reacção do croata confirmou-se quando recuperou de um mini-break (2/3) para fechar o set – o primeiro que Federer cedeu no torneio.

No terceiro set, o suíço recuperou o nível inicial, não enfrentou break-points, “quebrou” para 4-2, antes de concluir com o 19.º ás. O ascendente de Federer confirmou-se com um break a abrir o quarto set, mas os primeiros serviços desapareceram e, após uma dupla-falta no sexto jogo, cedeu um inesperado break, em branco. O suíço teve uma oportunidade para reaver o break, mas Cilic negou-a e ainda fez um segundo break antes de concluir.

E foi por pouco que Federer não perdeu um quinto jogo consecutivo a abrir o set decisivo. Cilic, talvez a pensar na resposta falhada a um segundo serviço no primeiro dos dois break-points desperdiçados, baixou de nível e o suíço aproveitou para adiantar-se para 2-0 e retomou o controlo do encontro. Desiludido, Cilic cedeu um novo break e Federer concluiu com um jogo em branco. Para aumentar ainda mais as emoções – e tal como na final do ano passado – foi preciso esperar pela confirmação do “Olho de Falcão”.

Já na sala de conferências de imprensa, Federer desvendou alguns segredos da sua longevidade no topo do ténis mundial. “Não competir demasiado, não disputar todos os torneios possíveis. Gosto de treinar-me, não me importo com as viagens e tenho uma grande equipa à minha volta, que torna isso possível. Ver os meus pais incrivelmente orgulhosos e felizes por eu ainda jogar – isso faz-me feliz e jogar melhor. E, claro, a minha mulher, que faz com que tudo seja possível. Sem o apoio dela, há muito tempo que já tinha deixado o ténis. Mas tivemos uma conversa muito franca, há alguns anos, sobre se ela estava feliz ou não; estou contente por ela ser tão solidária e disposta a lidar com o imenso trabalho que dão as crianças”, contou o segundo melhor tenista no ranking mundial.

E Federer admitiu não saber até quando vai continuar a jogar a este nível. “Não faço ideia, sinceramente. Ganhei três Slams nos últimos 12 meses, nem acredito em mim mesmo. Tenho que manter uma boa programação, manter-me ambicioso e coisas boas podem acontecer. Por isso, não acho que a idade seja um problema, é só um número. Esperam-se momentos muito emocionantes”, anunciou o suíço.