O Bartók que vive no Instituto de Musicologia
Até final de 2018 deverá estar concluído todo o processo de digitalização do gigantesco acervo de 250 mil canções de música tradicional realizadas por Béla Bartók e por Zóltan Kodály.
Tal como é visível o piano que pertenceu a Béla Bartók na sala com o nome do compositor onde decorre a apresentação do Terras sem Sombra em Budapeste, também o espírito de Bartók e Zóltan Kodály estão ainda bastante vivos dentro daquele edifício. E não se trata de mera frase de efeito poético saída da boca de Pál Richter, director do Instituto de Musicologia.
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Tal como é visível o piano que pertenceu a Béla Bartók na sala com o nome do compositor onde decorre a apresentação do Terras sem Sombra em Budapeste, também o espírito de Bartók e Zóltan Kodály estão ainda bastante vivos dentro daquele edifício. E não se trata de mera frase de efeito poético saída da boca de Pál Richter, director do Instituto de Musicologia.
Mesmo ali ao lado, o PÚBLICO encontra-se pouco depois da cerimónia com László Vikárius, responsável pelo arquivo de Bartók depositado e trabalhado naquela casa. Vikarius trabalha actualmente sobre uma série de edições críticas da obra de Bartók, em que se inclui a recente publicação de uma edição sinóptica de duas diferentes versões anteriores de “obras pedagógicas belíssimas, muitas vezes usadas nas aulas mas também tocadas por grandes pianistas em concerto”.
Incluindo, para fortuna de académicos mas também de intérpretes, de formas antigas ou rascunhos de composições bastamente conhecidas, as presentes edições permitem uma compreensão mais aprofundada do pensamento criativo do compositor. Vikárius destaca a disponibilização, entre as fontes, “das próprias gravações das peças que Bartók fez ao piano”. “Tocou 15 destas peças em versão de concerto e essas versões nunca foram escritas, talvez tenham até sido parcialmente improvisadas. É importante para se perceber o significado de cada frase musical – algo que não se pode aprender com a partitura, mas sim com a sua interpretação.”
No piso de cima, encontramos, por outro lado, Mátyas Bolya, responsável pelo gigantesco acervo de 250 mil canções de música tradicional realizadas por Bartók e por Kodály, sobretudo da região dos Cárpatos, mas que inclui também gravações de campo de música asiática, americana e africana. Até final de 2018, Bolya revela ao PÚBLICO, deverá estar concluído o processo de digitalização de todo o material – que inclui música mas também filmes que documentam as danças tradicionais e conjuntos de cadernos com as anotações respectivas –, para que fique depois acessível através do site do Instituto de Musicologia, esperando que, assim, esta imensa empresa de Bartók possa viver muito para lá daquelas paredes. Para, afinal, devolver à cultura popular estas suas formas de expressão que foram, em ditosa hora, salvas do esquecimento.
O Público viajou a convite do Festival Terras sem Sombra e da TAP