Cada dia, uma nova oportunidade
As novas oportunidades chegam todos os dias. Cabe-nos a nós não fecharmos os olhos para a eterna maravilha que é estar vivo e mostrar que somos capazes de viver com toda a qualidade que tal verbo nos merece
Consideramos sempre que o início de um novo ano é o momento ideal para uma nova vida! A passagem do dia 31 para o dia 1 é, habitualmente, a noite de todos os excessos até porque o dia 1 marcará o início de toda uma nova atitude do nosso ser perante a vida! E portanto, ao ritmo das passas e das badaladas, decidimos que iremos fazer uma alimentação mais regrada, iremos voltar ao ginásio e/ou ao desporto de rua, iremos dormir mais e melhor, iremos passar menos tempo em frente à televisão a ver séries. Iremos ser mais saudáveis! Ponto! E essas são as decisões no que à nossa saúde física diz respeito. Porque também somos meninos para tomarmos decisões para a nossa saúde psíquica: iremos ler mais! Iremos aprender a dizer não com mais convicção. Iremos aprender a ser menos insatisfeitos. Iremos dizer às pessoas que, de facto, as amamos. Iremos iniciar uma nova actividade (aquele curso de italiano que há tanto tempo pensamos frequentar!). Iremos, iremos, iremos…
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Consideramos sempre que o início de um novo ano é o momento ideal para uma nova vida! A passagem do dia 31 para o dia 1 é, habitualmente, a noite de todos os excessos até porque o dia 1 marcará o início de toda uma nova atitude do nosso ser perante a vida! E portanto, ao ritmo das passas e das badaladas, decidimos que iremos fazer uma alimentação mais regrada, iremos voltar ao ginásio e/ou ao desporto de rua, iremos dormir mais e melhor, iremos passar menos tempo em frente à televisão a ver séries. Iremos ser mais saudáveis! Ponto! E essas são as decisões no que à nossa saúde física diz respeito. Porque também somos meninos para tomarmos decisões para a nossa saúde psíquica: iremos ler mais! Iremos aprender a dizer não com mais convicção. Iremos aprender a ser menos insatisfeitos. Iremos dizer às pessoas que, de facto, as amamos. Iremos iniciar uma nova actividade (aquele curso de italiano que há tanto tempo pensamos frequentar!). Iremos, iremos, iremos…
E depois o mês de Janeiro acontece. E que temos nós para contar?
Os planos para o novo ano, por esta altura, já foram sendo esquecidos. O Natal e o fim de ano arruinaram as nossas economias portanto não há muito por que sair de casa até porque há que pensar em poupar. Resultado dessa situação monetária, já perdemos mais do que uma tarde e uma noite a ver filmes e séries. O desporto foi iniciado com passos de bebé porque continua um frio tremendo. A alimentação continuou meio desregrada nos primeiros dias (afinal havia tantas sobras do fim de ano!) e, depois de uma tentativa de detox, tão na moda, voltámos aos nossos velhos hábitos: afinal, que mal fará um pouco de pão com manteiga? Este geladinho do McDonald’s vem mesmo a calhar porque até estou meio deprimida.
E quanto às outras decisões? Aprender a dizer não revela-se bem mais difícil do que pensávamos. Já falhámos com a nossa palavra ao realizar trabalho que não nos competia. Por isso, as leituras ficaram para outro dia. Ainda nem pesquisámos sobre o curso de italiano — "assim como assim” não temos muito dinheiro disponível. Também ainda não tivemos oportunidade de dizer às pessoas que as amamos porque, afinal, estamos num mês tão difícil a nível monetário que nem nos apetece sair nem conviver. E assim, sem darmos conta mas em passos de gigante, os velhos hábitos voltam a instalar-se. E mais uma vez deixámos para trás aquela pessoa que queremos ser em função daquela pessoa que nos habituámos a ser. Só porque é mais fácil. Só porque é rotina. Só porque talvez não sejamos capazes. E deixamo-nos arrastar mais um ano até que em Dezembro voltamos a pensar nos planos que traçámos e que falharam e pensamos "desta vez é que é!".
Há que mudar essa atitude. Não podemos pensar que tudo vai mudar apenas porque o ano passou de 2017 para 2018. A tentativa de mudar tem de ser diária. Cada dia tem de ser pensado como aquilo que ele é: uma dádiva que nos é oferecida todas as manhãs (temos tendência a esquecer isso). Cada dia é uma nova oportunidade para tentar fazer diferente, uma nova possibilidade de corrigir o que consideramos estar errado na nossa vida. Uma nova oportunidade para lutar para sermos a pessoa que queremos ser e para termos a vida que queremos ter. Cada dia, uma nova oportunidade. Cada dia uma oportunidade para fazer mais e melhor. Cada dia uma oportunidade para viver a 100%! Como dizia Pasternak, “O Homem nasceu para viver e não para se preparar para viver”.
E quando chegamos ao fim do dia e percebemos que não mudámos nada? Quando percebemos que continuamos na mesma, com as mesmas atitudes, os mesmos vícios? Verificamos que ainda não foi desta que iniciámos aquele novo projecto tão pensado? Não há que entristecer ou desesperar. Sabemos que, como dizia a Scarlett O’Hara de E Tudo o Vento Levou, amanhã é outro dia! E por isso ser-nos-ão oferecidas mais 24 horas para fazer diferente, para lutar por aquilo que é, de facto, importante, que é ser feliz! As novas oportunidades chegam todos os dias. Cabe-nos a nós não fecharmos os olhos para a eterna maravilha que é estar vivo e mostrar que somos capazes de viver com toda a qualidade que tal verbo nos merece.