Mulheres correm mais risco de perder emprego para a automação, diz estudo
Muitos operários fabris e assistentes administrativos podem vir a ser substituídos por robôs e sistemas de inteligência artificial.
Com a disseminação da inteligência artificial e da robótica, são as mulheres que correm o maior risco de perderem os seus empregos para a automação, aponta um relatório apresentado no Fórum Económico Mundial, que decorre esta semana em Davos, na Suíça. Nos EUA, os homens têm 43% de probabilidade de perder o trabalho para um robô nos próximos oito anos. As mulheres, 57%.
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Com a disseminação da inteligência artificial e da robótica, são as mulheres que correm o maior risco de perderem os seus empregos para a automação, aponta um relatório apresentado no Fórum Económico Mundial, que decorre esta semana em Davos, na Suíça. Nos EUA, os homens têm 43% de probabilidade de perder o trabalho para um robô nos próximos oito anos. As mulheres, 57%.
A diferença “pode expandir a desigualdade de género no trabalho”, lê-se no relatório, intitulado Rumo a uma Revolução na Requalificação. Embora seja dado um grande enfâse ao perigo da automação para trabalhadores em fábricas, onde há mais homens, o relatório de Davos mostra que há muitos empregos dominados por mulheres – nomeadamente o de secretária – que também estão em risco de serem desempenhados, exclusivamente, por máquinas. Nos EUA, por exemplo, apenas 34% cargos de assistente administrativo eram ocupados por homens em 2016.
A outra parte do problema é que os homens tendem a ter mais oportunidades noutras áreas. Sem novas qualificações, as mulheres que perderem os empregos têm em média 12 opções alternativas, enquanto os homens têm 22. “A necessidade de antecipar as mudanças no mercado de trabalho, apoiar mudanças, e preparar empregados para a requalificação – ou seja, dar aos trabalhadores novas ferramentas e capacidades para outros trabalhos – são prioridades”, escreve Klaus Schwab, o fundador do Fórum Económico Mundial, no prefácio do relatório.
O caso dos EUA foi utilizado para expor o problema quando já há dados do Gabinete de Trabalho e Estatística do país que prevêem que que perto de 1,4 milhões de trabalhos sejam automatizados até 2026.
Para melhor avaliar o impacto, foram analisados mil empregos actuais, com base em qualificações pedidas em mais de 50 milhões de anúncios de emprego online. Além de se investigar a possibilidade de alguém perder esse emprego para uma máquina, os autores viram se era possível as pessoas encontrarem emprego noutras áreas com base nas qualificações, anos de experiência, e educação necessárias para aquele trabalho.
As conclusões mostram que mais mulheres vão perder o emprego, e os homens terão mais sucesso a mudar de carreira. Os autores ressalvam, no entanto, que há parâmetros (por exemplo, possibilidade de aceitar um emprego com um salário significativamente mais baixo) que podem influenciar os resultados.
O estudo de Davos foca-se nos EUA, mas há outros relatórios a observar o mesmo problema com o emprego das mulheres noutras partes do mundo. Um estudo de 2016 da Organização Internacional do Trabalho, no Camboja, mostra que 88% dos trabalhadores em fábricas de têxteis (81% das quais são mulheres) corre o risco de perder o emprego para a automação. O cenário será semelhante noutros países do Sudeste Asiático. São as sempre "mulheres, trabalhadores com menos educação, e trabalhadores com salários baixos" a ter mais probabilidade de ser afectados.
O trabalho de investigação do Fórum Económico Mundial sugere, porém, que ao aplicar atempadamente programas de requalificação, 95% das pessoas com o maior risco de perderem o trabalho para a automação podem encontrar outro – e, potencialmente, mais bem pago. O relatório prevê que 74% das mulheres, que mudarem de trabalho, venham a ter salários maiores, o que só acontecerá a 53% dos homens, o que ajudará a diminuir a diferença salarial entre géneros.
“O único factor a limitar as pessoas é a disponibilidade dos líderes investirem em requalificar os trabalhadores para novos trabalhos”, nota Klaus Schwab.