Governo admite falta do “sucesso desejado” na venda da antiga Triumph

O secretário de Estado Adjunto e do Comércio admitiu esta quarta-feira, durante o debate de actualidade no Parlamento, que o processo de venda da antiga Triumph não obteve o “sucesso desejado por todos”.

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LUSA/MIGUEL A. LOPES

“Dada a importância [da empresa] na economia, o Governo acompanhou este processo com a Câmara de Loures, com quem partilhou a vontade de encontrar uma solução. […] Chegados aqui, é inegável que este processo não obteve o sucesso desejado por todos”, afirmou Paulo Alexandre Ferreira.

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“Dada a importância [da empresa] na economia, o Governo acompanhou este processo com a Câmara de Loures, com quem partilhou a vontade de encontrar uma solução. […] Chegados aqui, é inegável que este processo não obteve o sucesso desejado por todos”, afirmou Paulo Alexandre Ferreira.

O secretário de Estado Adjunto e do Comércio disse que o Governo está a actuar, através de um trabalho no local, junto dos trabalhadores, mobilizando, para isso, equipas da Segurança Social e do Instituto de Emprego, tendo em vista assegurar os direitos dos trabalhadores da fábrica de têxteis. Paulo Alexandre Ferreira avançou ainda que, durante a próxima semana, o ministro da Economia irá receber os representantes dos trabalhadores da antiga Triumph.

Durante a ronda de intervenções, o deputado do PSD Emídio Guerreiro criticou a actuação do Governo aquando da venda da fábrica à Gramax.

Por sua vez, o deputado socialista Ricardo Leão sublinhou que o PS assistiu com “espanto” à situação da empresa e à permanência de trabalhadores em casa, alegando a fábrica “falta de fluxo de trabalho”. “O plano de reestruturação que, rapidamente, se transformou numa insolvência tem impacto para os trabalhadores e para o concelho de Loures”, vincou.

Já o deputado do CDS Hélder Amaral notou que “as únicas pessoas que não têm culpa” são os trabalhadores, acrescentando que era importante encontrar uma forma de resolver a situação.

Para a deputada do PCP Rita Rato, o Governo “agiu de má-fé” para com os trabalhadores, e os administradores, “que eram exemplos de sucesso”, recusam-se a “dar a cara”.

Heloísa Apolónia, do partido ecologista “Os Verdes”, criticou a legislação laboral por “facilitar os despedimentos”.

Isabel Pires, do Bloco de Esquerda, advertiu, por sua vez, que não pode ficar “impune” quem tem responsabilidade sobre o processo.

O Presidente da República comunicou esta quarta-feira a trabalhadores da antiga Triumph que o Governo está a estudar uma fórmula de apoio social de emergência para atender à sua situação, que, referiu, não estava prevista na lei.

“Havia a indefinição em relação à situação laboral, no quadro da situação geral da empresa. E, portanto, não recebiam subsídio de desemprego porque, em rigor, não eram desempregados para aquele efeito legal. Mas também não recebiam nenhum outro tipo de apoio, nem recebiam salários, desde alguns dias de Novembro, cinco dias de Novembro”, referiu Marcelo Rebelo de Sousa.

As trabalhadoras da fábrica da antiga Triumph estão desde o dia 5 de Janeiro em vigília à porta da empresa, depois de terem tomado conhecimento de que a administração tinha iniciado um processo de insolvência. A fábrica, situada na freguesia de Sacavém, concelho de Loures, foi adquirida no início de 2017 pela TGI-Gramax e emprega actualmente 463 trabalhadores.