Um troféu para acabar com os jogos amigáveis “insignificantes”

Portugal é cabeça-de-série no sorteio desta quarta-feira da Liga das Nações da UEFA. Nova competição decidirá quem vai ao play-off de apuramento para o Euro 2020 mas o formato é confuso e tem sido criticado

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LUSA/YURI KOCHETKOV

Era preciso ter uma imaginação muito fértil para conseguir visualizar os jogadores de uma selecção nacional a celebrar uma subida de escalão, ou, pelo contrário, devastados por não terem evitado uma despromoção. Era, mas vai deixar de ser. Estas imagens até agora inconcebíveis vão passar a fazer sentido no âmbito da Liga das Nações da UEFA, a nova competição do futebol europeu. O sorteio inaugural realiza-se nesta quarta-feira, em Lausanne, na Suíça, às 11h (hora portuguesa), e Portugal parte com o estatuto de cabeça-de-série: já sabe que evita a Alemanha, Bélgica e Espanha.

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Era preciso ter uma imaginação muito fértil para conseguir visualizar os jogadores de uma selecção nacional a celebrar uma subida de escalão, ou, pelo contrário, devastados por não terem evitado uma despromoção. Era, mas vai deixar de ser. Estas imagens até agora inconcebíveis vão passar a fazer sentido no âmbito da Liga das Nações da UEFA, a nova competição do futebol europeu. O sorteio inaugural realiza-se nesta quarta-feira, em Lausanne, na Suíça, às 11h (hora portuguesa), e Portugal parte com o estatuto de cabeça-de-série: já sabe que evita a Alemanha, Bélgica e Espanha.

A Liga das Nações surge com o objectivo assumido de combater o número de jogos particulares “insignificantes”. Este tipo de partidas não vai deixar de existir, mas a UEFA quer “substituir uma parte considerável dos encontros particulares por outros competitivos, permitindo que as selecções defrontem outras de potencial semelhante”. Desta forma, a nova competição vai dividir as 55 selecções europeias em quatro escalões, de acordo com o posicionamento de cada equipa na tabela de coeficientes da UEFA.

O primeiro escalão, a Liga A, integra as 12 equipas mais fortes do continente (Portugal integra este lote) que no sorteio desta manhã estão distribuídas por três potes. Daqui vão resultar quatro grupos de três equipas cada, que vão defrontar-se entre elas como visitadas e visitantes. Os jogos vão realizar-se em Setembro e Outubro deste ano, e os primeiros classificados de cada um dos grupos disputarão, em Junho de 2019, a fase final da Liga das Nações – os vencedores de cada meia-final defrontam-se para discutir o troféu.

Em sentido contrário, os últimos classificados de cada grupo da Liga A serão despromovidos. E o cenário vai repetir-se nas Ligas B, C e D, pelas quais foram distribuídas as selecções de acordo com a tabela de coeficientes da UEFA.

No segundo escalão haverá quatro grupos de três equipas, enquanto no terceiro serão formados quatro grupos: um com três selecções e os restantes com quatro. No último escalão os quatro grupos terão quatro equipas. Os primeiros classificados em cada um dos níveis acedem ao escalão superior, e os últimos descem um degrau (excepto no caso da Liga D, por razões óbvias). As novas colocações das equipas serão válidas para a segunda edição da Liga das Nações, a realizar em 2020.

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“Vai arrancar uma nova competição de selecções nacionais, a Liga das Nações da UEFA. Aguardamos com expectativa o início de uma prova que irá ajudar a reforçar a posição do futebol de selecções na Europa, fonte fundamental de orgulho nacional e identidade no futebol”, sublinhava Aleksander Ceferin, presidente da UEFA, na sua mensagem de ano novo.

Mas o entusiasmo do líder do futebol europeu contrasta com a relativa indiferença em relação à nova prova. “A falta de agitação tem sido gritante. Se a UEFA contava criar algo para agradar às massas, um evento com a dupla vantagem de ajudar a desenvolver o futebol e captar o imaginário colectivo, o receio é que as coisas tenham mudado demasiado rápido e a Liga das Nações já se tenha tornado um peso morto”, escreveu Nick Ames no diário britânico The Guardian. Jonathan Liew, no The Independent, foi mais cáustico: descreveu a Liga das Nações como “uma competição ridiculamente injusta e na qual a injustiça está virtualmente consagrada” e como “uma aventura maluca, uma tentativa de soprar um pouco de vida num produto moribundo”. O mesmo autor qualificava a prova como “abstracta e absurda”.

Uma das principais críticas feitas à Liga das Nações da UEFA tem a ver com a calendarização dispersa e a forma confusa como vai relacionar-se com a qualificação para o Campeonato da Europa. A fase de grupos da Liga das Nações vai disputar-se entre Setembro e Novembro deste ano, com a fase final a realizar-se só em Junho de 2019. O apuramento para o Euro 2020 (cujo sorteio está marcado para Dezembro de 2018) vai decorrer entre Março e Novembro de 2019, com as equipas a serem distribuídas por dez grupos e os dois primeiros classificados de cada agrupamento a garantirem um lugar na fase final.

Ficam a sobrar quatro vagas. Ora, em Março de 2020 – 16 meses depois da última jornada da fase de grupos da Liga das Nações e nove meses depois do desfecho da Liga A – haverá o play-off para atribuir esses últimos lugares no Euro 2020. Aqui vão entrar 16 equipas: os vencedores dos grupos de cada um dos escalões que não estiverem já qualificados ou, caso sobrem vagas, as equipas que ficaram abaixo na classificação de cada grupo. Se, por exemplo, todas as equipas da Liga A estiverem apuradas, as vagas no play-off são ocupadas por selecções da Liga B e assim sucessivamente. Estas 16 equipas vão ser divididas em quatro grupos, no qual vão disputar-se meias-finais a uma mão e depois uma final para atribuir o lugar no Euro 2020.