Centeno lança substituição de Constâncio

Escolha do novo vice-presidente do BCE é o primeiro passo numa reformulação total da liderança da autoridade monetária que irá ocorrer até ao final de 2019.

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Reuters/DARRIN ZAMMIT LUPI

No momento em que um português ocupa um dos cargos mais importantes da zona euro, outro português prepara-se para sair. E será precisamente Mário Centeno que, esta segunda-feira, irá dar oficialmente o início à discussão sobre quem substituirá Vítor Constâncio na vice-presidência do Banco Central Europeu, uma decisão vista como um primeiro ensaio para a completa reformulação da autoridade monetária que irá ocorrer em 2019.

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No momento em que um português ocupa um dos cargos mais importantes da zona euro, outro português prepara-se para sair. E será precisamente Mário Centeno que, esta segunda-feira, irá dar oficialmente o início à discussão sobre quem substituirá Vítor Constâncio na vice-presidência do Banco Central Europeu, uma decisão vista como um primeiro ensaio para a completa reformulação da autoridade monetária que irá ocorrer em 2019.

De acordo com a agenda da reunião que se realiza esta segunda-feira, o presidente do Eurogrupo irá declarar aberta a fase de apresentação de candidaturas ao cargo de vice-presidente do BCE, que Vítor Constâncio abandona em Maio depois de concluir o seu mandato.

Neste momento, o grande favorito a ocupar o lugar - e único a ter declarado publicamente a sua candidatura - é o actual ministro das Finanças espanhol, Luis de Guindos. Há muito que Espanha deseja um lugar de relevo na política económica da zona euro e, nesta fase, parece difícil que tal lhe seja negado.

No entanto, a servir de cenário para a escolha do vice-presidente vai estar também a preparação da verdadeira batalha pelo controlo do BCE que irá acontecer no próximo ano. Será em Maio de 2019 que Mário Draghi irá terminar o seu mandato único de oito anos à frente da autoridade monetária e, além disso, no mesmo ano, será preciso encontrar também substitutos para a líder da entidade supervisora, Daniele Nouy, para o membro do conselho executivo e economista chefe, Peter Praet, e para o também membro do conselho executivo, Benoit Coeure.

Em teoria, a nacionalidade do candidatos não deveria contar para a escolha da liderança de uma entidade que se quer verdadeiramente pan-europeia, mas mais uma vez, tudo indica, este vai ser o factor determinante.

A principal discussão é se, ao fim de 20 anos de existência, o BCE irá ter um presidente do maior país da zona euro, a Alemanha. Em Berlim parece haver vontade que isso aconteça, mas a verdade é que o candidato natural do país, o actual presidente do Bundesbank, Jens Weidmann, é visto com muita desconfiança por vários outros países, descontentes com o facto de o alemão ter sido, dentro do conselho de governadores do BCE, um dos principais opositores à política expansionista aplicada e em particular ao programa de compra de dívida pública.

Não se sabe nesta fase se o futuro governo alemão irá insistir em apresentar Weidmann como candidato, se optará por outro candidato como o presidente do Mecanismo de Estabilidade Europeu, Klaus Regling, ou se aceitará um candidato alternativo de outra nacionalidade, como o governador francês François Villeroy de Galhau.

Uma coisa é certa: se Luis de Guindos substituir Constâncio na vice-presidência do BCE, a vantagem dos países do Sul nas posições de topo da condução da política económica da zona euro mantém-se (depois de ter sido reforçada com a entrada de Mário Centeno para o Eurogrupo) e isso dará aos países do Norte, liderados pela Alemanha, uma palavra decisiva na escolha do presidente do BCE (e dos outros cargos relevantes da instituição) que ocorre em 2019.

A nova liderança do BCE terá como principal tarefa definir a forma como o banco central irá gerir a retirada progressiva da política monetária expansionista aplicada desde a crise por Draghi e os seus pares, em especial a redução do balanço do BCE que neste momento tem um nível elevado devido à compra em larga escala de dívida pública para estimular a economia e fazer subir a inflação.