A Marcha das Mulheres quer transformar a política

As manifestações contra Donald Trump voltaram às ruas em 2018, mas querem ser também plataforma para apoiar candidatas.

Fotogaleria

Washington, Nova Iorque, Los Angeles, Chicago, Miami, Las Vegas, mas também Londres, Sydney ou Munique. A Marcha das Mulheres, que em 2017 foi uma enorme bofetada em Donald Trump, no dia a seguir à sua tomada de posse como Presidente dos Estados Unidos, voltou à rua este fim-de-semana em mais de 250 cidades em todo o mundo, com ambições de se transformar num movimento para favorecer a chegada de mulheres ao poder.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Washington, Nova Iorque, Los Angeles, Chicago, Miami, Las Vegas, mas também Londres, Sydney ou Munique. A Marcha das Mulheres, que em 2017 foi uma enorme bofetada em Donald Trump, no dia a seguir à sua tomada de posse como Presidente dos Estados Unidos, voltou à rua este fim-de-semana em mais de 250 cidades em todo o mundo, com ambições de se transformar num movimento para favorecer a chegada de mulheres ao poder.

"O voto é a ferramenta mais poderosa que têm à vossa disposição", disse a actriz Eva Longoria na manifestação de Los Angeles. "Todos os que têm o privilégio de votar devem fazê-lo." O presidente da câmara, Eric Garcetti, do Partido Democrata, escreveu no Twitter que 600 mil pessoas participaram na marcha na sua cidade.

Trump respondeu também no Twitter a todas estas manifestações, que levaram 300 mil pessoas para a rua em Chicago, 120 mil em Nova Iorque e muitos milhares noutras cidades, com figuras públicas a discursar. Afirmou que o crescimento económico do último ano nos Estados Unidos beneficiou as mulheres. "Tempo magnífico em todo o nosso belo país, um dia perfeito para todas as mulheres marcharem", escreveu. "Saiam para celebrar os marcos históricos e o sucesso económico sem precedentes e criação de riqueza nos últimos 12 meses. O nível mais baixo de desemprego feminino dos últimos 18 anos!", disse o Presidente norte-americano.

A taxa de desemprego entre as mulheres foi de 3,7% em Dezembro, abaixo da taxa geral nos EUA, de 4,1%, de acordo com o Departamento do Trabalho. Apesar disso, Katie O'Connor, uma advogada de 39 anos de Knoxville, Tennessee, que foi até ao National Mall, em Washington, para se manifestar, quer ver Trump fora da Casa Branca. "Não acredito que esta Administração faça alguma coisa boa pelas mulheres", afirmou.

Durante o seu primeiro ano na Casa Branca, Donald Trump tentou bloquear o acesso a cuidados de saúde para mulheres, permitindo aos estados cortar o financiamento à organização Planned Parenthood, que presta serviços de planeamento familiar – e que também faz intervenções voluntárias de gravidez, se solicitada, sendo por isso um alvo da direita conservadora norte-americana.

Fez também repercutir esta filosofia na ajuda externa norte-americana, proibindo o financiamento a organizações de ajuda humanitária que possam incluir o aborto nos cuidados de saúde que prestem a populações noutros países. Isto levou a um corte de cerca de 8800 milhões de dólares no financiamento da ajuda externa norte-americana, contabiliza a Newsweek.

A Marcha das Mulheres em D.C., e muitas outras, criaram laços de solidariedade para os que se opõem às opiniões, palavras e acções de Donald Trump. Dizem-se galvanizados pela avalanche de notícias sobre política e género,
pelo movimento #MeToo contra o assédio sexual, gerado pela divulgação de múltiplos escândalos que envolvem homens poderosos de Hollywood, Washington, dos media e da academia norte-americanos.

Michelle Saunders, uma vendedora de software de 41 anos de Des Plaines, Illinois, foi à manifestação de Chicago no sábado – uma multidão entre 200 mil e 300 mil pessoas – com a filha de 14 anos. "Não estamos satisfeitas com a actual Administração e com o que ela representa, e queremos que as nossas vozes sejam ouvidas", disse Saunders.

Desde a campanha para as eleições presidenciais de 2016, Donald Trump tem um nível de aprovação bastante mais baixo entre as mulheres do que entre os homens. Um estudo de opinião do Pew Research Center de Maio mostrava que 46% dos homens dava um parecer favorável ao desempenho de Trump enquanto Presidente, mas apenas um terço das mulheres norte-americanas fazia o mesmo.

As organizadores da marcha esperam conseguir canalizar a energia sentida pelos opositores a Trump, após a sua surpreendente vitória, para obterem sucessos nas eleições intercalares de Novembro, usando como slogan Poder para as Eleições. O objectivo é registar um milhão de novos eleitores e conseguir eleger candidatos que defendam de forma mais enérgica os direitos das mulheres.

"Se houvesse mais mulheres como as que vejo aqui hoje no Congresso, na Casa Branca, eleitas para governadoras, teríamos uma América muito melhor", disse o secretário do Comité Nacional do Partido Democrata, Tom Perez, a braços com a dificuldade de encontrar candidatos convincentes para tentar arrebatar a maioria ao Partido Republicano em Novembro.