IURD acredita na "seriedade e idoneidade" das autoridades portuguesas
Igreja reagiu aos protestos deste sábado contra as supostas adopões ilegais. Diz que "acredita que tudo foi feito dentro da lei".
A Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) voltou a afirmar neste sábado que não cometeu "qualquer ilegalidade" nos processos de adopção ocorridos na década de 1990, acreditando na "seriedade e idoneidade" das autoridades portuguesas.
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A Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) voltou a afirmar neste sábado que não cometeu "qualquer ilegalidade" nos processos de adopção ocorridos na década de 1990, acreditando na "seriedade e idoneidade" das autoridades portuguesas.
Cerca de duas centenas de pessoas juntaram-se neste sábado em frente à Assembleia da República, em Lisboa, para exigir a criação de uma comissão parlamentar de inquérito isenta sobre os casos de adopções alegadamente ilegais envolvendo a IURD, tendo recolhido cerca de 3400 assinaturas online até às 19h.
Num comunicado enviado à agência Lusa, a IURD diz que a acusação de ilegalidade feita pelo Movimento da Verdade, que organizou a vigília em cinco cidades do país, "não corresponde à verdade e, por isso, é lesivo do bom nome" da igreja.
"Começámos a ver que as instituições não estavam a dar respostas objectivas e eficazes a estas famílias", disse à Lusa Ana Piedade, uma das fundadoras do movimento, defendendo a criação de uma comissão independente e isenta, porque "não faz sentido a Santa Casa da Misericórdia investigar-se a si própria e o Ministério Público investigar-se a si próprio".
"Pretendemos que haja uma investigação eficaz e que as instituições tenham uma postura muito mais clara perante estes casos de adopções", que levaram ao desaparecimento do lar ilegal da IURD de "dezenas de crianças que foram roubadas às mães biológicas com relatórios da Santa Casa com informação falsa e difamatória".
Neste sábado, durante a vigília em Lisboa, o advogado Garcia Pereira considerou que "o Estado falhou em toda a linha", manifestando dúvidas se os crimes prescreveram, uma vez que, se se estiver "perante condutas continuadas no tempo, esse caso está sempre em aberto", prosseguiu o advogado.
Garcia Pereira afirmou que "há a responsabilidade de averiguar como essas coisas foram possíveis".
"Documentos completamente falsos"
"Como é que documentos completamente falsos puderam funcionar como bases de decisões judiciais, como é que temos tribunais que proferem decisões que transitam em julgado e não são executadas, e podem obter-se decisões contraditórias como essas. Como são elaborados os relatórios pela Segurança Social, como é que o Estado envia crianças para um estabelecimento que está em condições de total ilegalidade, durante sete anos?", questiona.
No comunicado de hoje, a IURD afirma que "acredita na seriedade e idoneidade dos organismos públicos que intervieram naqueles processos e acredita que tudo foi feito dentro da lei".
A TVI exibiu uma série de reportagens denominadas "O Segredo dos Deuses", na qual noticiou que a IURD esteve alegadamente relacionada com o rapto e tráfico de crianças nascidas em Portugal. Os supostos crimes terão acontecido na década de 1990, com crianças levadas de um lar em Lisboa, que teria alimentado um esquema de adopções ilegais em benefício de famílias ligadas à IURD que moravam no Brasil e nos Estados Unidos.
A IURD tem vindo a refutar as acusações de rapto e de um esquema de adopção ilegal de crianças portuguesas e considera-as fruto de "uma campanha difamatória e mentirosa".
A Procuradoria-Geral da República tem reiterado que a matéria relacionada com o eventual encaminhamento irregular para adopção de crianças há cerca de 20 anos deu origem a dois inquéritos: um inquérito-crime ao caso e um outro que pretende analisar “a actuação funcional do Ministério Público em todas as suas vertentes, tendo em vista examinar os procedimentos então adoptados e analisar todas as intervenções desenvolvidas nos respectivos processos”.