INEM não tem registo de todos os accionamentos de meios

Instituto de Emergência Médica garante que os registos manuais foram introduzidos no sistema informático, mas não na fita do tempo.

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Daniel Rocha

O Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) não possui registos detalhados de todos os meios que foram accionados para o incêndio de Pedrógão Grande. Em comunicado, numa resposta à notícia desta sexta-feira do PÚBLICO, aquele instituto do Estado diz que "possui o registo da hora a que os meios de emergência próprios do INEM foram accionados", mas que relativamente a todos os outros não dispõe, "para todas as situações, de informação detalhada sobre a hora exacta do seu accionamento", por causa dos problemas na rede SIRESP.

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O Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) não possui registos detalhados de todos os meios que foram accionados para o incêndio de Pedrógão Grande. Em comunicado, numa resposta à notícia desta sexta-feira do PÚBLICO, aquele instituto do Estado diz que "possui o registo da hora a que os meios de emergência próprios do INEM foram accionados", mas que relativamente a todos os outros não dispõe, "para todas as situações, de informação detalhada sobre a hora exacta do seu accionamento", por causa dos problemas na rede SIRESP.

Este comunicado surge depois de o PÚBLICO ter noticiado que o instituto mantém fora do sistema informático os registos de accionamento e de chegada às vítimas dos meios que mandou para o incêndio. Ontem, o INEM garantiu que já normalizou os seus registos informáticos, apesar de não referir quando o fez, como o fez nem de dar acesso aos dados que permitiam comprová-lo. Acresce ainda que o INEM inclui no comunicado alguma informação dúbia. Primeiro, refere que "não introduz manualmente no sistema informático os registos manuais realizados quer no PCO (Posto de Comando) quer na sala de situação nacional", porque se trataria de uma "adulteração ao sistema". Na frase seguinte diz que esses registos manuais "existem, foram colocados no sistema informático do INEM mas noutro suporte que não na fita do tempo, documento que não pode, nem deve ser alterado". 

A fita do tempo daqueles dias deixará, assim, muita informação de fora. A avaliar pelo que é dito pelo INEM, conterá apenas os pedidos de ajuda que chegam via 112 - registados no sistema pelos técnicos dos centros de orientação de doentes urgentes (CODU) - e os accionamentos de meios que foram feitos pelo CODU. Os restantes serão ficheiros sem mais informação. 

O INEM justifica esta situação com as falhas nas comunicações. "Os tempos de 'acionamento de meios', 'a caminho do local', 'chegada ao local', 'chegada à vítima', 'a caminho do hospital', 'hospital' e 'disponível' das ocorrências são registados na fita de tempo recorrendo à rede SIRESP, através do envio de diversos status operacionais dos meios, bastando para isso premir um botão nos terminais dos rádios SIRESP existentes nos diversos meios de emergência. Como a rede SIRESP estava inoperacional e a rede de telemóvel com falhas, alguns destes tempos não foram comunicados no imediato, e por isso, registados".

Há várias outras dúvidas que persistem sobre a actuação do INEM nas horas críticas do incêndio de Pedrógão e a que o instituto não tem respondido, apesar de o PÚBLICO ter endereçado nos últimos meses várias perguntas sobre aqueles dias. Não foi ainda respondido a que horas foram os meios accionados e quem o fez; não se sabe quanto tempo os meios demoraram a chegar perto de cada uma das vítimas; não se sabe em quantas situações e em que circunstâncias não foi possível prestar socorro médico às vítimas; e não se sabe, a cada hora, quem era o responsável máximo pela coordenação do instituto.