Emanuel Câmara é novo líder do PS-Madeira, mas é Cafôfo quem mais ordena
Autarca do Porto Moniz venceu eleições internas com 57% dos votos, derrotando o actual líder, Carlos Pereira. Mas é para o presidente da Câmara do Funchal que os socialistas olham.
Não foram os números avassaladores que muitos perspectivavam, mas a vitória de Emanuel Câmara na sexta-feira à noite, na corrida à liderança do PS-Madeira, assinala um novo ciclo no partido, que olha para as regionais de 2019 com esperança redobrada. O autarca do Porto Moniz, uma pequena vila no Norte da ilha, reuniu 878 votos (57%) contra os 668 do actual líder, Carlos Pereira, numas eleições conturbadas em que as diferenças entre as duas candidaturas ficaram bem vincadas, e podem ser difíceis de sarar.
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Não foram os números avassaladores que muitos perspectivavam, mas a vitória de Emanuel Câmara na sexta-feira à noite, na corrida à liderança do PS-Madeira, assinala um novo ciclo no partido, que olha para as regionais de 2019 com esperança redobrada. O autarca do Porto Moniz, uma pequena vila no Norte da ilha, reuniu 878 votos (57%) contra os 668 do actual líder, Carlos Pereira, numas eleições conturbadas em que as diferenças entre as duas candidaturas ficaram bem vincadas, e podem ser difíceis de sarar.
O derrotado da noite, que pegou no partido em 2015, na ressaca de umas eleições regionais que reduziram os socialistas a quarta força política no parlamento regional, garantiu aceitar “ de forma tranquila” os resultados, mostrando-se “disponível para colaborar” no futuro PS-Madeira. Mas o discurso de Carlos Pereira não apaga o que foi sendo dito ao longo dos meses que duraram a campanha, em que a retórica política resvalou muitas vezes para os ataques pessoais.
Uma dura corrida a dois, na qual o presidente da Câmara Municipal do Funchal, o independente Paulo Cafôfo, foi o terceiro elemento, ausente mas omnipresente. O autarca funchalense, que Emanuel Câmara garante que será nas regionais de 2019 o cabeça-de-lista do PS à presidência do governo madeirense, foi a figura central da campanha e fez a balança dos votos pender para o lado de Câmara.
Na noite de sexta-feira, quando Emanuel Câmara discursava, era Cafôfo quem estava a seu lado. E foi Cafôfo o grande ovacionado da noite, com os militantes presentes na sala a cantarem “Cafôfo a presidente”. Coro acompanhado pelo próprio Emanuel Câmara.
“Vamos ganhar as eleições em 2019, em todos os concelhos. Temos o homem certo”, afirmou o novo líder socialista, apontando para o autarca funchalense, que depois de muitos silêncios sobre o assunto, diz agora estar disponível para avançar como candidato à liderança do governo madeirense.
Durante a campanha para as autárquicas, Paulo Cafôfo liderou uma coligação constituída por PS, BE, JPP, PDR, e Nós, Cidadãos! para conquistar uma maioria absoluta no Funchal. Na altura, garantiu que iria cumprir o mandato autárquico até ao fim, e é por isso agora criticado pelo PSD.
Os social-democratas, que governam o arquipélago desde 1975, não disfarçam o incómodo. “A ideia é Lisboa passar a mandar na Madeira por via desta candidatura e destas pessoas que estão lá”, reagiu este sábado o presidente do governo madeirense, Miguel Albuquerque, considerando o PS um “partido perfeitamente dividido”. Albuquerque falava à margem de uma homenagem ao cantor Max, no centenário do nascimento deste.
Os socialistas têm o XVIII Congresso Regional marcado para 3 e 4 de Fevereiro, mas antes disso deverão ocorrer mudanças no grupo parlamentar do partido na assembleia madeirense. Jaime Leandro, actual secretário-geral de Carlos Pereira e líder parlamentar, já colocou o lugar à disposição. A bancada deverá passar a ser chefiada por Victor Freitas, antigo líder do partidono arquipélago e um dos homens fortes da candidatura de Emanuel Câmara.
O próprio Carlos Pereira, que passou grande parte dos últimos dois anos em São Bento, onde foi vice-presidente da bancada socialista, regressando no final do ano passado ao parlamento madeirense, deverá também voltar a Lisboa.