Carro do Ano: familiares, uma espécie em vias de extinção
Apenas dois candidatos a uma das classes mais concorridas de outros tempos: a dos familiares. Sintoma da febre dos SUV (há “só” 11 inscritos...)?
Familiares compactos foram durante anos os automóveis a dar cartas — por cá, sobretudo na configuração de carrinha, dada a sua versatilidade. Com a propagação dos crossovers e dos SUV, que não se negam a apresentar argumentos capazes de conquistar qualquer família, a tendência tem vindo a mudar. Não só no que ao número de vendas diz respeito, cujo filão tem vindo a ser ocupado por aqueles, mas também no Essilor Carro do Ano/Troféu Volante de Cristal, que este ano tem apenas dois candidatos ao prémio de Familiar do Ano — Honda Civic e Hyundai i30 SW — contra 11 inscritos na categoria SUV/Crossover.
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Familiares compactos foram durante anos os automóveis a dar cartas — por cá, sobretudo na configuração de carrinha, dada a sua versatilidade. Com a propagação dos crossovers e dos SUV, que não se negam a apresentar argumentos capazes de conquistar qualquer família, a tendência tem vindo a mudar. Não só no que ao número de vendas diz respeito, cujo filão tem vindo a ser ocupado por aqueles, mas também no Essilor Carro do Ano/Troféu Volante de Cristal, que este ano tem apenas dois candidatos ao prémio de Familiar do Ano — Honda Civic e Hyundai i30 SW — contra 11 inscritos na categoria SUV/Crossover.
Os resultados do prémio, organizado pelo semanário Expresso e pelo canal televisivo SIC/SIC Notícias, serão conhecidos a 1 de Março e resultam do escrutínio realizado por 17 jornalistas automóveis, em representação dos respectivos órgãos de comunicação social.
Honda Civic
1.0 i-VTEC Turbo (129 cv)
Uma herança de mais de 40 anos não é encarada de ânimo leve. E o Civic é prova disso: de geração em geração, está em constante rejuvenescimento sem, porém, descurar o que vai aprendendo pelo caminho. Desta feita, apresentou-se com uma das suas “roupagens” mais emocionais de sempre, com uma frente estilizada e desportiva e traseira a transmitir robustez. Já no campo das motorizações, voltou a surpreender ao não avançar no lançamento com qualquer proposta diesel — a versão melhorada do premiado 1.6 a gasóleo chega apenas este ano. Solução? Um tricilíndrico, com o qual se apresenta a concurso, a debitar 129 cv, com um binário máximo de 200 Nm, que é garante de boas prestações e uma alma sempre viva, ainda que acabe por exigir mais dos que os 4,8 l/100km (média de consumo em circuito misto) anunciados pela marca. Ou, pelo menos, os momentos mais divertidos (e não é difícil tê-los...) não serão tão poupados.
Com cinco lugares, mas mais indicado para transportar até quatro pessoas (no lugar do meio do banco traseiro não impera o conforto), exibe uma mala de fácil acesso, capaz de arrumar até 478 litros e que tira partido do bom desenho do espaço. Com o rebatimento dos bancos traseiros (60/40), pode crescer até aos 1267 litros.
No capítulo da segurança, tão importante quando se pensa em comprar um carro para a família, o Civic conseguiu as cinco estrelas Euro NCAP, mas não à primeira: tendo fracassado inicialmente na categoria da segurança dos ocupantes menores, a marca procedeu a melhorias nos airbags de cortina, sendo alvo de uma reavaliação por parte do organismo independente que analisa a segurança dos carros comercializados na Europa. Notas finais: 92% na protecção de adultos, 75% na protecção de crianças, 75% na protecção de peões e 88% nos dispositivos auxiliares de segurança. Já no que diz respeito ao conforto, o automóvel na corrida pelo título de melhor familiar apresenta-se com o equipamento topo de gama: entrada e arranque sem chave, faróis LED e tecto panorâmico, controlo de amortecedores dinâmico, estofos em pele e carregador sem fios para smartphones.
Hyundai i30 SW
DCT 1.6 CRDi (110 cv)
Quando a sul-coreana Kia foi buscar o designer alemão Peter Schreyer, cujo nome é indissociável do projecto do Audi TT, revelou as suas intenções: criar produtos de e para o mercado europeu. E não tardou que a parceira Hyundai lhe seguisse as pegadas, sobretudo depois de, em 2012, Schreyer assumir a direcção de design de ambos os fabricantes. Por isso, o novo i30 é fruto da estética do designer alemão. Mas há mais: no caso da carrinha, o fabrico é na República Checa e os testes foram realizados em Nürburgring, onde a Hyundai tem um centro de operações. Grelha dianteira em cascata, perfil largo, de tejadilho afunilado, com peças em cromado a emoldurarem as janelas, a i30 SW apresenta-se como um produto que alia elegância a dinamismo.
Por dentro, uma aposta inequívoca na qualidade dos materiais, algo perceptível ao toque, e na funcionalidade. Também em termos de espaço, oferece condições familiares: a bagageira arruma 602 litros (com a segunda fila rebatida a capacidade cresce para 1650 litros) e há solução para transportar objectos com até 1,70m de comprimento. No nível de equipamento com que se apresenta a concurso, o Style, a carrinha ganha em requinte: luzes Full LED, jantes de 17’’, barras no tejadilho, ar condicionado automático, retrovisores a preto, etc..
Animada pelo diesel 1.6 de 110 cv, a i30 SW não arrebatará corações (acelera dos 0 aos 100 km/h em 11,3 segundos com uma velocidade máxima de 188 km/h), mas revela uma desenvoltura razoável para o dia-a-dia de uma família, tirando sobretudo partido de um binário máximo de 280 Nm, logo disponível a partir das 1500 rpm e constante até às 2500 rpm. Também muito familiares são os números de consumos: 3,7 l/100 km, diz a marca e, não tendo sequer chegado perto dessa marca, confirma-se a capacidade de ser económica.
Em termos de segurança, obteve o máximo das cinco estrelas Euro NCAP, ainda que não esteja entre os mais bem classificados: 88% na protecção de adultos, 84% na protecção de crianças, 64% na protecção de peões e 68% nos dispositivos auxiliares de segurança.