Cavaco Silva em silêncio sobre Rio e recorda quando Portugal era "bom aluno"
Antigo primeiro-ministro e Presidente da República recordou os primeiros dez anos de adesão à CEE.
Cavaco Silva fez nesta quinta-feira um "exercício de memória" sobre os primeiros dez anos de adesão à CEE, quando Portugal foi, disse, "bom aluno", e evitou falar sobre o novo líder do PSD, Rui Rio.
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Cavaco Silva fez nesta quinta-feira um "exercício de memória" sobre os primeiros dez anos de adesão à CEE, quando Portugal foi, disse, "bom aluno", e evitou falar sobre o novo líder do PSD, Rui Rio.
No início e no fim da conferência, na Sociedade de Geografia de Lisboa, os jornalistas perguntaram o que achou da eleição de Rui Rio para a presidência do PSD, mas Cavaco Silva, primeiro-ministro e líder do partido de 1985 a 1995, sorriu e só disse que nada ia dizer.
"Hoje não vou falar com os senhores [jornalistas] sobre nada", afirmou, antes de começar a sessão, na Sala Portugal, da centenária Sociedade de Geografia e repetiu quase o mesmo, depois de trocar umas palavras com Pedro Passos Coelho, o ainda presidente do PSD, que assistiu à conferência.
Da conferência de uma hora e dez minutos, Cavaco Silva fez o elogio à opção europeia de Portugal, sem se referir a Mário Soares, o líder histórico do PS que lançou o processo de adesão, ficou a ideia do "grande salto" no desenvolvimento do país, recordando os elogios do antigo presidente da Comissão Europeia Jacques Delors a Portugal, quando dizia que era "um bom aluno".
Se em 1985, Portugal registava 53% da média europeia no rendimento per capita, recordou, evoluiu para 66% em 1995, o desemprego foi reduzido a 6%, o défice orçamental foi de 1,5%. E foram feitas "reformas estruturais", como a revisão da lei laboral ou a reforma fiscal, com o IRS e o IRC.
O antigo Presidente da República (2005-2015) recordou reuniões duras, em Bruxelas, para renegociação e duplicação dos fundos comunitários para Portugal ao longo dos anos que foi primeiro-ministro.
Sem nunca falar de actualidade, nem mesmo quando lhe perguntaram da assistência porque deixou o país de crescer ao ritmo daquela década, Cavaco Silvou fez, no fim, uma metáfora a lembrar a tese do "bom aluno".
"Ao fim de 32 anos de adesão às Comunidades Europeias, os factos já demonstraram que o bom aluno atrai bons ventos e que o mau aluno atrai tempestades", disse.
Na assistência estavam, além de Pedro Passos Coelho, de Adriano Moreira, presidente honorário da Sociedade de Geografia, vários ex-ministros de Cavaco como João de Deus Pinheiro e Mira Amaral, e o secretário de Estado dos Assuntos Europeus Vítor Martins.