Accionista chinês da TAP assume dificuldades de liquidez
Presidente do grupo HNA afirmou à Reuters ter confiança de que o grupo vai superar os actuais obstáculos.
Famoso pelo forte ritmo e volume de aquisições internacionais que fez nos últimos anos, como 10% do Deutsche Bank e 25% do grupo de hotéis Hilton, o grupo chinês HNA defronta-se agora com dificuldades financeiras por falta de liquidez.
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Famoso pelo forte ritmo e volume de aquisições internacionais que fez nos últimos anos, como 10% do Deutsche Bank e 25% do grupo de hotéis Hilton, o grupo chinês HNA defronta-se agora com dificuldades financeiras por falta de liquidez.
Isso mesmo foi confirmado esta quinta-feira pelo presidente do conselho de administração do grupo, Chen Feng, em declarações à Reuters.
De acordo com este responsável, o problema de liquidez surgiu por causa do grande número de negócios que a HNA protagonizou, mesmo quando a China passou de uma fase de crescimento rápido para moderado e o ambiente externo se complicou, o que teve impacto na capacidade de financiamento do grupo.
À Reuters, Chen diz que a subida das taxas de juro nos EUA e o processo de desendividamento na China (com menos empréstimos e mais cautela, num processo controlado pelo Estado) provocaram “uma escassez de liquidez para muitas empresas chinesas no final do ano” e dificuldades na angariação de novos empréstimos.
De acordo com o responsável do grupo, a HNA continua a ter o apoio dos bancos. “Estamos confiantes de que iremos ultrapassar as dificuldades”, afirmou Chen, acrescentando, diz a Reuters, que agora chegou a fase de melhorar a eficácia dos diversos negócios do grupo, nomeadamente através de uma maior integração das operações e de sinergias entre os “recursos domésticos e internacionais”.
O encontro com a Reuters, que o apelidou de evento raro, surge numa altura em que foram publicadas várias notícias a dar conta das dificuldades do grupo, visíveis nos juros mais altos a pagar por empréstimos, reforço de garantias prestadas e falhas nos prazos de pagamentos.
Isto depois de se ter questionado a opacidade do grupo chinês ao nível dos seus accionistas, e do seu modelo de expansão assente num endividamento muito elevado.
Neste momento, o grupo estará a ponderar a venda de alguns dos activos. Para já, foram recentemente suspensas as acções de três grandes empresas da HNA, a Bohai, Tianjin e Hainan Airlines, enquanto se espera a divulgação de “factos relevantes” ligados às mesmas (uma alienação, uma aquisição ou uma fusão).
Foi precisamente através da Hainan Airlines que o grupo nasceu, em 1993, e é por via dessa empresa que está presente em Portugal. Actualmente, a Hainan é dona de 5% da TAP de forma indirecta, após entrada e reforço no consórcio privado Atlantic Gateway (dono de 45% da companhia aérea portuguesa), ao lado de Humberto Pedrosa e David Neeleman. Ao mesmo tempo, está também no capital da companhia aérea brasileira Azul, fundada por Neeleman e futura accionista na TAP (via conversão de obrigações em acções).