Quem é Roger Torrent, o novo presidente do parlamento catalão?

O novo presidente do parlamento catalão é conhecido por conseguir manter boas relações com rivais. Os seus talentos vão ser precisos na nova legislatura.

Foto
Roger Torrent passa revista aos Mossos de Esquadra, em fato de gala Albert Gea/REUTERS

Roger Torrent tem apenas 38 anos mas 20 anos de experiência como político – nunca teve outra profissão. O mais jovem presidente do parlamento catalão tem uma complicada tarefa entre mãos: gerir a eleição do próximo presidente da Generalitat, cargo do qual Carles Puigdemont não abdica, apesar de permanecer em Bruxelas

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Roger Torrent tem apenas 38 anos mas 20 anos de experiência como político – nunca teve outra profissão. O mais jovem presidente do parlamento catalão tem uma complicada tarefa entre mãos: gerir a eleição do próximo presidente da Generalitat, cargo do qual Carles Puigdemont não abdica, apesar de permanecer em Bruxelas

Foi aos 19 anos que Torrent começou a militar na Esquerda Republicana da Catalunha (ERC) e a sua carreira já o levou ao cargo de deputado desde 2012 e de presidente de Sarrià de Ter desde 2007 – um pequeno município de cinco mil habitantes na área urbana de Girona, da qual Puigdemont foi autarca. 

Nos últimos anos, Torrent tem desempenhado as funções de porta-voz parlamentar do seu partido. Agora, o político com barba de hipster, que já foi notado por ser parecido com um apresentador de programas de moda da TVE, tem de preparar o primeiro debate de investidura, em que os deputados catalães terão de fazer uma primeira votação e escolher um nome, tem data marcada para 31 de Janeiro.

Até lá, espera-se que Torrent, conhecido por ter boas relações com o partido PDeCAT, de Puigdemont e, por extensão, com a coligação Junts per Catalunya (JxCAT), consiga arranjar forma de pôr em prática o pacto acordado entre o JxCAT e a ERC para que Puigdemont tome posse. Sem regressar de Bruxelas.

Tanto quanto se sabe, o líder da ERC, Oriol Junqueras, detido há 76 dias em prisão preventiva, opõe-se a que Carles Puigdemont tome posse como presidente da Catalunha através de videoconferência, como ele quer. E os serviços jurídicos do parlament consideraram “imprescindível” a presença do presidente na assembleia.

A 8 de Janeiro, Torrent disse que  os “pormenores técnico-jurídicos” deviam ser deixados com os serviços do parlament - recordam agora os media espanhóis. O agora presidente do parlamento catalão não voltou ao assunto, mas para tentar prever qual será a sua actuação talvez seja útil ter em mente o que o jornal online El Confidencial diz sobre a sua ideologia: “No seu ideário pesa mais o dualismo independentismo/unionismo do que o termo direita/esquerda”.

Entre a oposição, vinga a ideia de que foi escolhido “um duro” para presidir ao parlamento de Barcelona – mas este licenciado em Ciências Políticas com um mestrado em estudos territoriais e urbanísticos é também conhecido como alguém capaz de manter boas relações até mesmo com os rivais políticos. O objectivo da ERC é baixar o nível de conflitualidade na política catalã.

No seu primeiro discurso como presidente do parlamento, prometeu lutar para pôr fim o quanto antes à intervenção estatal na Catalunha. "Perante este cenário sem precedentes democráticos, o primeiro passo é por fim imediatamente à intervenção nas instituições para poder estar ao serviço dos cidadãos", afirmou.