Boas intenções, cinema asséptico
Retratar o racismo nos Estados Unidos está na ordem do dia para o cinema americano, e muito bem porque isso foi durante décadas um não-dito (e um não-visto). Mas boas intenções nunca fizeram por si só bons filmes.
Retratar o quadro histórico do racismo nos Estados Unidos está na ordem do dia para o cinema americano, e está muito bem porque essa história foi durante décadas um não-dito (e um não-visto). Mas boas intenções nunca fizeram por si só bons filmes e Mudbound, lamentavelmente, é mais um caso desses. São os anos trinta e os anos quarenta nas agruras do Mississippi, uma família de negros e uma família de brancos em luta contra as dificuldades económicas, a experiência da II Guerra partilhada pelo rapaz branco e pelo rapaz negro a aproximá-los, e um velho racista e “klansman” a estragar tudo.
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Retratar o quadro histórico do racismo nos Estados Unidos está na ordem do dia para o cinema americano, e está muito bem porque essa história foi durante décadas um não-dito (e um não-visto). Mas boas intenções nunca fizeram por si só bons filmes e Mudbound, lamentavelmente, é mais um caso desses. São os anos trinta e os anos quarenta nas agruras do Mississippi, uma família de negros e uma família de brancos em luta contra as dificuldades económicas, a experiência da II Guerra partilhada pelo rapaz branco e pelo rapaz negro a aproximá-los, e um velho racista e “klansman” a estragar tudo.
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VIDEO_CENTRAL
O filme pouco ou nada se afasta de um humanismo formatadamente bondoso, a cruzar afectos entre negros e brancos de forma tão sumária e previsível como retrata o racismo e os racistas. Num “realismo” asséptico de telefilme, com todos os lugares-comuns visuais da “reconstituição de época”, a compor um cinema incipientemente subjugado ao “tema” e à “mensagem”. Terá um valor pedagógico, sobretudo num contexto americano e num país que parece finalmente predisposto a aprender a relacionar-se com a sua história recente, mas nem a pedagogia justifica tamanho pastelão de duas horas e tal.