Presença de profissionais de saúde prolonga período de aleitamento materno, diz estudo
Estudo conclui que bebés prematuros têm período de aleitamento materno mais longo se existir ajuda de profissionais de saúde na fase inicial de amamentação.
Um estudo do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP) mostra que a ajuda de um profissional de saúde na fase inicial de amamentação faz com os bebés prematuros sejam alimentados com leite materno durante mais tempo.
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Um estudo do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP) mostra que a ajuda de um profissional de saúde na fase inicial de amamentação faz com os bebés prematuros sejam alimentados com leite materno durante mais tempo.
O estudo conclui que as mulheres que têm o auxílio de um profissional treinado para apoiar as mães de recém-nascidos prematuros (menos de 32 semanas) a amamentar, alcançam uma maior prevalência de aleitamento só com leite materno à data da alta, comparativamente a aquelas que não têm um elemento designado para o efeito, informou o ISPUP em comunicado.
Para obtenção deste resultado foram avaliadas as práticas de aleitamento materno utilizadas em 580 crianças que nasceram na região Norte e na zona de Lisboa e Vale do Tejo, nas 16 Unidades de Cuidados Intensivos Neonatais (UCIN) portuguesas.
A equipa responsável por este trabalho verificou que "existe uma grande variabilidade" nas práticas de aleitamento materno entre as UCIN, tendo a proporção de amamentação só com leite materno, à data da alta, variado entre 3% e 50%.
Já o aleitamento materno misto (combinação entre leite materno e o leite artificial) variou entre 21% e 62%, indicou Carina Rodrigues. Segundo a investigadora, constatou-se que apenas 25,2% dos bebés muito prematuros estavam com aleitamento materno exclusivo à data da alta.
Foi verificado ainda que a existência de um membro responsável por apoiar as mães no processo de amamentação explica, por si só, cerca de 43% da variabilidade observada entre as unidades na prática do aleitamento exclusivo, continuou.
Embora existam características da mãe e da criança que podem influenciar as práticas de aleitamento materno, como a idade materna, o peso ao nascimento e as complicações durante o período de internamento, a cientista acredita que deve haver uma aposta em profissionais de saúde, treinados especificamente para ajudar as mulheres nesse processo.
Dessa forma, as mães terão mais acesso a um conhecimento acerca dos benefícios do aleitamento materno exclusivo, bem como ao ensino de técnicas para extração, conservação e manipulação do leite materno, disse ainda.
Entre os benefícios do aleitamento materno para a criança, Carina Rodrigues destacou o fornecimento de "nutrientes importantes" - que contribuem para o crescimento e desenvolvimento -, a redução do número de infeções e do risco de readmissão hospitalar, bem como a promoção de um maior vínculo afetivo entre a mãe e o bebé.
"A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda o aleitamento materno em exclusivo até aos seis meses, tanto para as crianças de termo (que nascem com 37 semanas ou mais de idade gestacional) como para os recém-nascidos muito prematuros", lê-se no comunicado do ISPUP.
Uma recomendação da OMS e da UNICEF publicada recentemente indica que, para as situações em que as mães não podem amamentar, deve-se recorrer ao leite humano doado, fornecido de forma segura através de bancos de leite humano, acrescenta a nota informativa.
Em Portugal, existe apenas um Banco de Leite Humano, na Maternidade Alfredo da Costa.
O estudo, intitulado "The Type of Feeding at Discharge of Very Preterm Infants: Neonatal Intensive Care Units Policies and Practices Make a Difference", é coordenado pelo investigador Henrique Barros, e conta com a participação de Milton Severo, Jennifer Zeitlin e do Grupo de Investigação EPICE-Portugal, tendo sido publicado na revista "Breastfeeding Medicine".