Belgrado retira-se de negociações após assassínio de político sérvio do Kosovo
Oliver Ivanovic afirmou recentemente que temia pela sua segurança, apontando o dedo a criminosos sérvios.
Um importante político sérvio do Kosovo, Oliver Ivanovic, foi morto a tiro à porta da sede do seu partido na cidade de Mitrovica, no mesmo dia em que delegações de Belgrado e Pristina se juntavam em Bruxelas numa tentativa de normalizar relações, depois da declaração de independência do Kosovo de há quase dez anos.
A Sérvia reagiu retirando-se das conversações mediadas pela União Europeia e anunciou a sua própria investigação à morte de Ivanovic, paralela à das autoridades do Kosovo.
O ministro sérvio dos Negócios Estrangeiros, Ivica Dacic, considerou que o assassínio é “uma ameaça à estabilidade da região”, e responsáveis como a alta representante para a política externa Federica Mogherini, ou o embaixador americano no Kosovo, Greg Delawie, pediam “a todos os lados para evitar retórica perigosa e manter a calma nesta altura sensível”.
Na sequência da declaração de independência do Kosovo da Sérvia (que Belgrado não reconhece), Ivanovic defendia a participação da minoria sérvia na política e instituições de Estado do Kosovo.
Oliver Ivanovic, que tinha 64 anos, foi atingido seis vezes por uma arma de fogo. As autoridades suspeitam que o automóvel usado pelos seus assassínos foi uma viatura encontrada, queimada, a três quilómetros de Mitrovica, uma cidade dividida entre sérvios e albaneses.
Ivanovic tinha declarado recentemente numa entrevista que os sérvios do Kosovo tinham medo de não estar seguros, e ele também receava pela sua segurança. Havia, disse ao semanário sérvio Vreme, “uma sensação incrível de ameaça e medo”. “As pessoas não estão com medo de albaneses, mas sim de sérvios, de criminosos locais que andam em jipes sem matrícula”, denunciou.
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Um importante político sérvio do Kosovo, Oliver Ivanovic, foi morto a tiro à porta da sede do seu partido na cidade de Mitrovica, no mesmo dia em que delegações de Belgrado e Pristina se juntavam em Bruxelas numa tentativa de normalizar relações, depois da declaração de independência do Kosovo de há quase dez anos.
A Sérvia reagiu retirando-se das conversações mediadas pela União Europeia e anunciou a sua própria investigação à morte de Ivanovic, paralela à das autoridades do Kosovo.
O ministro sérvio dos Negócios Estrangeiros, Ivica Dacic, considerou que o assassínio é “uma ameaça à estabilidade da região”, e responsáveis como a alta representante para a política externa Federica Mogherini, ou o embaixador americano no Kosovo, Greg Delawie, pediam “a todos os lados para evitar retórica perigosa e manter a calma nesta altura sensível”.
Na sequência da declaração de independência do Kosovo da Sérvia (que Belgrado não reconhece), Ivanovic defendia a participação da minoria sérvia na política e instituições de Estado do Kosovo.
Oliver Ivanovic, que tinha 64 anos, foi atingido seis vezes por uma arma de fogo. As autoridades suspeitam que o automóvel usado pelos seus assassínos foi uma viatura encontrada, queimada, a três quilómetros de Mitrovica, uma cidade dividida entre sérvios e albaneses.
Ivanovic tinha declarado recentemente numa entrevista que os sérvios do Kosovo tinham medo de não estar seguros, e ele também receava pela sua segurança. Havia, disse ao semanário sérvio Vreme, “uma sensação incrível de ameaça e medo”. “As pessoas não estão com medo de albaneses, mas sim de sérvios, de criminosos locais que andam em jipes sem matrícula”, denunciou.
Tudo sob os olhos impassíveis da polícia, acrescentou, “mesmo que no norte sejam dos nossos, sérvios – alguns têm experiência mas nem estes fazem alguma coisa”. Mais: “Nos últimos anos em Mitrovica, tivemos mais de 50 casos de carros incendiados, lançamento de granadas e duas mortes não explicadas. Tudo isto num território de 2,5 km2 , totalmente coberto por camaras de segurança. É óbvio que a polícia tem medo de aborrecer os autores destes actos, ou os autores dos actos têm ligações às estruturas de segurança”.
A sua morte vai ter efeito em muitos sérvios do Kosovo: “Isto acontece quando estávamos a esperar viver como pessoas normais”, comentou Zivorad Lazic, da cidade de Gracanica, citado pelo Washington Post.
Ivanovic tinha sido detido e acusado pelas autoridades do Kosovo por crimes de guerra em 1998-99, na guerra entre as forças sérvias e rebeldes kosovares, que deixou cerca de 13 mil mortos e um milhão de deslocados. Em 2016, Ivanovic foi condenado, mas o veredicto foi depois anulado e ordenado um novo julgamento. Muitos viram este processo contra Ivanovic como político.
Momento sensível
Tudo isto acontece quando o Kosovo discute um outro tribunal, no que provocou fortes avisos dos seus aliados mais próximos – que há 19 anos lideraram uma campanha da NATO em apoio dos rebeldes kosovares e que há quase dez anos não demoraram no reconhecimento da independência do Kosovo.
Uma declaração assinada pelos EUA, Alemanha, Reino Unido, Itália e França avisava que os líderes do país estavam a pôr em perigo “tudo o que o Kosovo conseguiu”.
Em causa está a discussão, no Parlamento, da suspensão de um tribunal para julgar crimes de guerra cometidos pelos rebeldes de etnia albanesa na luta pela independência do Kosovo.
O tribunal é um caso único de uma instituição kosovar e não internacional, como têm sido os tribunais para os crimes de guerra na ex-Jugoslávia, mas que funciona em Haia para reduzir o risco de intimidação de testemunhas.
A reviravolta foi uma surpresa para os aliados ocidentais do Kosovo. Mas tem uma razão simples: “Foi um ataque de pânico” dos dirigentes do Kosovo, que temem ser acusados por este tribunal, disse ao Politico o analista Besa Luzha.
Os principais líderes do Kosovo estão ligados ao Exército de Libertação do Kosovo, que combateu pela independência mas é também suspeito de crimes de guerra e crime organizado.
O actual Presidente, Hashim Thaçi, era o líder político do movimento, o primeiro-ministro, Ramush Haradinaj, comandante local, e o presidente do Parlamento, Kadri Veseli, comandante dos serviços de informação da força.
Se o Parlamento aprovar a suspensão do tribunal, está a renegar um compromisso internacional e assim, sublinha Luzha, a dar um sinal “de que o Estado não é credível”.
“É o maior embate entre as mais altas instituições do Kosovo e o Ocidente”, disse ao New York Times Agron Bajrami, director do jornal Koha Ditore, um dos maiores do Kosovo. O facto de parecerem dispostos a enfrentar os EUA, “guardiões da independência do Kosovo”, mostra que “alguns esperam ser acusados”.