"O que vestias naquele dia?" é uma exposição onde estão as roupas de quem foi vítima de violação

Pequena exposição no bairro belga de Molenbeek chama a atenção para os assaltos sexuais.

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"O que vestias naquele dia?" Esta é uma pergunta que é verbalizada a quem já sofreu de violação como se a causa do ataque fosse a forma como estava vestida. Num centro comunitário de Molenbeek, Bruxelas, Bélgica, nasceu uma pequena exposição onde estão as roupas que as vítimas usavam naquele dia e que revelam que não é preciso usar uma mini-saia ou um top para se ser agredido sexualmente.

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"O que vestias naquele dia?" Esta é uma pergunta que é verbalizada a quem já sofreu de violação como se a causa do ataque fosse a forma como estava vestida. Num centro comunitário de Molenbeek, Bruxelas, Bélgica, nasceu uma pequena exposição onde estão as roupas que as vítimas usavam naquele dia e que revelam que não é preciso usar uma mini-saia ou um top para se ser agredido sexualmente.

No espaço do Centro Comunitário Marítimo, visitado pela RTBF, estão cerca de duas dezenas de cabides com roupas – calças de ganga e t-shirts, roupas desportivas, vestidos, um pijama e mesmo um uniforme de polícia. Ao lado de cada peça, estão duas folhas A4, escritas uma em francês e outra em flamengo, em discurso directo. No caso do uniforme de polícia, diz: Usava "um uniforme da polícia e tinha uma arma, mas tudo foi inútil".

A pergunta que se faz à vítima subentende que o que vestia foi a causa do ataque sofrido. Esta exposição tem o objectivo de mostrar que quem é violado não é culpado. "Queremos destruir os estereótipos sobre a cultura de violação com esta exposição", explica Yasmina El Moutouk, responsávelo pelos projectos dos serviços sociais de Molenbeek à Quartz. "Todos temos calças de ganga e t-shirts no nosso guarda-roupa e o mais importante é que somos livres para usar o que queremos", diz.

Por isso, a pergunta, "o que vestias naquele dia", não só não faz sentido, mas também magoa quem a ouve, pois é como se se quisesse responsabilizar a vítima pela agressão, acrescenta Sarah Turine, responsável pela coesão social do centro comunitário, à RTBF.

A exposição está patente até ao próximo sábado e inspirou-se numa mostra feita pela Universidade do Kansas, nos EUA, onde foram expostas as roupas das vítimas de violação naquele campus, em Setembro passado.