Noruega ameaça renegociar relação com a UE se vir generosidade excessiva no “Brexit”

Oslo não vê com bons olhos a hipótese de Londres pagar menos para ter melhores condições de acesso ao Mercado Comum Europeu.

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LUSA/OLIVIER HOSLET

Há uma nova pressão sobre as negociações do “Brexit”. Se houver demasiadas cedências de Bruxelas ao Reino Unido nas condições de acesso ao Mercado Único, a Noruega ameaça rever as suas relações com o bloco europeu.

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Há uma nova pressão sobre as negociações do “Brexit”. Se houver demasiadas cedências de Bruxelas ao Reino Unido nas condições de acesso ao Mercado Único, a Noruega ameaça rever as suas relações com o bloco europeu.

O jornal britânico The Guardian diz que os representantes noruegueses fizeram já chegar esta posição a Bruxelas, o que poderá constituir mais um revés nas intenções da primeira-ministra Theresa May, que pretende alcançar um acordo de saída da União Europeia mas, ao mesmo tempo, formar uma nova parceria que inclua um tratado comercial para o Reino Unido continuar a ter acesso ao Mercado Comum Europeu com condições especiais, muito para além das estabelecidas, por exemplo, com o Canadá, através do CETA, que impõe ainda grandes barreiras.

Esta solução não estará a ser vista com bons olhos em Oslo, que, não sendo membro da União Europeia, faz grandes contribuições para o Orçamento da UE, e aceita o livre movimento de pessoas – algo a que o Reino Unido é igualmente avesso – para ter acesso ao Mercado Único. Tudo isto sem ter uma palavra a dizer nas instituições europeias, pois não faz parte da UE. Por isso, uma generosidade excessiva para com Londres não é vista com bons olhos em Oslo. “[Os noruegueses] estão a seguir isto de forma muito próxima para garantir que não estamos a dar ao Reino Unido um acordo muito mais favorável”, disse ao The Guardian uma fonte oficial norueguesa.

Do lado europeu, existem dois receios principais na questão norueguesa. Por um lado, acredita-se que assim que estiver consumado o “Brexit”, e com a saída do Reino Unido da política comum de pescas, Oslo realizará novas exigências em relação aos acordos piscatórios (a pesca é a segunda indústria mais importante daquele país, logo a seguir à petrolífera). Por outro lado, o partido ligado à extrema-direita e eurocéptico norueguês, o Partido do Centro, que defende a saída da Noruega do Espaço Económico Europeu e o estabelecimento de um acordo de livre comércio, ganhou peso nas últimas eleições e com isso uma maior capacidade de pressionar o Governo.