Oito mortos numa comunidade onde todos se conheciam
Em segundos, o tecto entrou em combustão e começou a desabar. No salão, a jogar às cartas, estariam entre 60 a 70 pessoas. Há uma mulher entre as vítimas mortais do incêndio de sábado em Vila Nova da Rainha.
Oito mortos — sete homens e uma mulher — são, para já, as vítimas mortais do incêndio que deflagrou na noite de sábado na Associação Recreativa de Vila Nova da Rainha, no concelho de Tondela. Quatro das vítimas mortais eram da aldeia onde a tragédia aconteceu, três de localidades vizinhas e ainda uma do concelho de Santa Comba Dão. Há 38 feridos internados nos hospitais de Viseu, Coimbra, Lisboa e Porto, 16 dos quais em estado grave. As vítimas, na maioria com idades entre os 60 e os 70 anos, estavam a participar num torneio de sueca, considerado um dos melhores e mais concorridos da região.
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Oito mortos — sete homens e uma mulher — são, para já, as vítimas mortais do incêndio que deflagrou na noite de sábado na Associação Recreativa de Vila Nova da Rainha, no concelho de Tondela. Quatro das vítimas mortais eram da aldeia onde a tragédia aconteceu, três de localidades vizinhas e ainda uma do concelho de Santa Comba Dão. Há 38 feridos internados nos hospitais de Viseu, Coimbra, Lisboa e Porto, 16 dos quais em estado grave. As vítimas, na maioria com idades entre os 60 e os 70 anos, estavam a participar num torneio de sueca, considerado um dos melhores e mais concorridos da região.
Vítor Rodrigues, de 64 anos, dividia o seu tempo entre Coimbra e Vila Nova da Rainha. Estava na aldeia porque aguardava pela missa de sétimo dia em memória da mãe, que tinha sido sepultada na quinta-feira. Antigo secretário-geral da Associação de Futebol de Coimbra e delegado da Federação Portuguesa de Futebol, sempre que ficava na aldeia não deixava de passar pela Associação. “Para aí meia-hora antes do incêndio tinha estado a falar com ele e sobre idades”, contou uma prima de Tondela que na manhã deste domingo era um dos muitos familiares que se dirigiram ao local para saber mais informações. A Federação Portuguesa de Futebol emitiu um comunicado, no qual considera Vítor Rodrigues um “profundo conhecedor de futebol”, “acarinhado, respeitado e admirado pelos colegas” e que deixa “boas memórias também em várias gerações de futebolistas nacionais, pois esteve na organização de muitas competições”, nomeadamente a do Euro 2004.
Conhecida na aldeia por ter vindo de Lisboa e ter casado com um homem da terra, Máxima da Silva é outra das vítimas. Tinha pouco mais de 50 anos e vivia mesmo ao lado do edifício onde tudo aconteceu. Em Vila Nova da Rainha, falava-se ainda da morte de um dos fundadores da associação, Sérgio Santos, e de Anselmo, outras das presenças habituais deste local.
Esta é uma comunidade onde todos se conhecem e têm uma relação de afinidade, descreveu Rui Pinto que, à última hora, pediu a um amigo para o substituir no torneio de sueca que se disputava na sede daquela colectividade. “Foram segundos negros para estas pessoas. Eu tive um anjo da guarda”, desabafou, enquanto tentava saber informações do seu amigo que tinha dado entrada no Hospital de Viseu com fracturas nas pernas e queimaduras na face.
As restantes vítimas mortais são de Molelos e Lobão da Beira, no concelho de Tondela, e uma outra de Pedreiros, freguesia de S. Joaninho (Santa Comba Dão), e que tinha a família a viver na cidade de Tondela.
A Associação Recreativa de Vila Nova da Rainha era o ponto de encontro e local de convívio não só dos habitantes da aldeia, mas de outras localidades vizinhas. É aqui que, dizem os moradores, se realizava o mais conhecido torneio da sueca da região. No momento do acidente, no salão onde decorria o jogo, no piso superior, estariam entre 60 a 70 pessoas. No andar debaixo, a ver o jogo de futebol entre o Braga e o Benfica através da televisão, mais uma dezena.
“Isto foi tudo numa questão de segundos. De um momento para o outro o tecto entrou em combustão. As pessoas começaram a gritar que a estrutura estava a cair e precipitaram-se para as escadas para fugir. Bastou uma cair para ficar o amontoado que os bombeiros encontraram”, contou um dos elementos envolvidos nas operações. Houve quem tivesse conseguido saltar e escapar para o salão do rés-do-chão como contaram alguns dos testemunhos já recolhidos de pessoas que apenas sofreram ferimentos leves.
Este domingo, pelo menos quatro feridos continuavam a lutar pela vida. Durante a noite, 16 pessoas foram transferidas de Viseu para unidades de queimados de vários hospitais do país. As causas do incêndio continuam sob investigação.