No Braço de Prata vai surgir em breve um dos maiores jardins de Lisboa
Novo espaço verde começa a ser construído em frente ao empreendimento que Renzo Piano desenhou em 1998. O projecto prevê áreas relvadas, uma ciclovia, esplanadas e até uma biblioteca.
Há 20 anos que está previsto nascer um grande empreendimento no Braço de Prata, mas só recentemente é que as obras de construção dos 499 apartamentos foram retomadas em força, originando uma pequena revolução viária na zona oriental de Lisboa. A reboque desse investimento privado (estimado, há pouco tempo, em cerca de 450 milhões de euros), começa brevemente a ganhar forma o Parque Ribeirinho Oriente, um jardim que terá quase 90 mil metros quadrados.
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Há 20 anos que está previsto nascer um grande empreendimento no Braço de Prata, mas só recentemente é que as obras de construção dos 499 apartamentos foram retomadas em força, originando uma pequena revolução viária na zona oriental de Lisboa. A reboque desse investimento privado (estimado, há pouco tempo, em cerca de 450 milhões de euros), começa brevemente a ganhar forma o Parque Ribeirinho Oriente, um jardim que terá quase 90 mil metros quadrados.
A câmara municipal adjudicou a construção da primeira fase do parque no fim de Dezembro. Os trabalhos iniciam-se em frente ao local onde estão a ser erguidos os 12 edifícios projectados em 1998 pelo arquitecto italiano Renzo Piano e alargar-se-ão um dia, ainda não se sabe quando, à zona da Matinha. No final, o jardim terá uma extensão de 1,3 quilómetros à beira rio, desde a Doca do Poço do Bispo até à marina do Parque das Nações, que também será intervencionada.
O projecto das arquitectas paisagistas Filipa Cardoso de Menezes e Catarina Assis Pacheco, cujo atelier f/c ganhou o concurso de ideias promovido há dois anos, prevê grandes áreas relvadas, uma ciclovia, uma pista de manutenção, esplanadas e até uma biblioteca. Mas, sobretudo, lê-se na memória descritiva que o parque quer aproveitar a “simbiose primordial entre a cidade e o Tejo”, que naquela zona teve, no passado, a forma portuária e industrial. É por isso que se vão manter “os pontões, alguns armazéns, o traçado da antiga linha férrea” – transformada em circuito de manutenção “ao longo do qual surgem elementos escultóricos interactivos”.
Ainda a querer trazer a memória portuária para o novo espaço, as projectistas propõem que os vários equipamentos (cafés, casas de banho, biblioteca, espaços de aluguer de bicicletas) resultem da “conversão de contentores marítimos”, espalhados pelo jardim. “À medida que se percorre o parque para norte, sucedem-se vários ambientes, uns de carácter mais activo, dotados de algum tipo de equipamento, outros mais simples e despojados, vocacionados para a contemplação e descanso”, diz a memória descritiva.
O primeiro concurso público para a concepção deste parque foi lançado em 2015, mas acabou por ser anulado. Seguiu-se novo concurso, de que Renzo Piano foi um dos jurados. A proposta do vereador do Urbanismo que levou à criação do parque manifestava a intenção de “resgatar” a zona “para fruição do público em geral”. Previa-se inicialmente que o jardim pudesse abrir algures em 2016, mas Manuel Salgado estimou no ano passado isso ocorresse na Primavera de 2018. Já não será tão cedo: as obras da primeira fase têm a duração estimada de oito meses.
Segue-se depois a segunda fase, com quase 43 mil metros quadrados, associada ao arranque das operações urbanísticas previstas no Plano de Pormenor da Matinha, que vai mudar radicalmente o aspecto daquele local da cidade. Para essa zona, o projecto prevê que o parque “integre uma extensa área desportiva informal, um núcleo de armazéns revitalizados e uma última área essencialmente lúdica e contemplativa, centrada num grande lago, no anfiteatro que se funde a montante com o Parque Interior da Matinha e num sistema de bancadas panorâmicas a implantar ao longo do molhe da marina do Parque das Nações”.
No total, a intervenção está orçada em 3,85 milhões de euros.