Dijsselbloem saiu, mas continua a haver um holandês com peso no Eurogrupo
Mário Centeno vai ter Hans Vijlbrief, um holandês que é muito próximo de Jeroen Dijsselbloem, a liderar o órgão que prepara as reuniões do Eurogrupo.
A chegada à liderança de Mário Centeno não é a única novidade a que se assiste no Eurogrupo neste início do ano. O órgão que, nos bastidores do Eurogrupo, tem como competência preparar as discussões entre os ministros das Finanças da zona euro também arranca 2018 com uma mudança de presidente: o austríaco Thomas Wieser abandona o cargo ao fim de seis anos e é substituído pelo holandês Hans Vijlbrief, um homem próximo de Jeroen Dijsselbloem e com quem Centeno terá que trabalhar nos próximos dois anos.
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A chegada à liderança de Mário Centeno não é a única novidade a que se assiste no Eurogrupo neste início do ano. O órgão que, nos bastidores do Eurogrupo, tem como competência preparar as discussões entre os ministros das Finanças da zona euro também arranca 2018 com uma mudança de presidente: o austríaco Thomas Wieser abandona o cargo ao fim de seis anos e é substituído pelo holandês Hans Vijlbrief, um homem próximo de Jeroen Dijsselbloem e com quem Centeno terá que trabalhar nos próximos dois anos.
Embora muito pouco conhecido do grande público, este órgão, denominado Grupo de Trabalho do Eurogrupo (Eurogroup Working Group em inglês), tem tido um papel crucial na forma como têm sido tomadas algumas das decisões mais importantes na zona euro nos últimos anos. Com um presidente a tempo inteiro a coordenar os trabalhos, é aqui que se reúnem, antes da reunião dos ministros no Eurogrupo, os secretários de Estado de cada ministério das Finanças da zona euro.
É no Grupo de Trabalho do Eurogrupo que se define a agenda do Eurogrupo, que se realizam e promovem trabalhos técnicos para sustentar determinadas decisões e que se concretizam os primeiros entendimentos entre os diversos governos. Thomas Wieser, que foi presidente do Grupo de Trabalho em alguns dos momentos mais dramáticos da zona euro e que agora abandona o cargo, sempre foi considerado unanimemente como uma das figuras mais poderosas de Bruxelas, tendo desempenhado um papel decisivo no desenrolar das diversas crises envolvendo a Grécia. Ianis Varoufakis, antigo ministro grego das Finanças e o mais feroz dos críticos ao funcionamento do Eurogrupo, afirmou por diversas vezes que Wieser tinha tanto ou mais poder que o próprio Dijsselbloem.
Agora, a substituir Thomas Wieser na presidência do Grupo de Trabalho do Eurogrupo, vai estar um holandês. Hans Vijlbrief era até agora, o director-geral do Tesouro na Holanda, tendo assumido também a função de principal conselheiro do ministro holandês das Finanças em questões relacionadas com o Eurogrupo.
Era, por isso, uma pessoa muito próxima do antecessor de Mário Centeno, participando activamente, em apoio técnico a Dijsselbloem, em algumas das tarefas mais importantes do Eurogrupo, nomeadamente quando a crise de 2015 na Grécia estava no seu auge.
A escolha de Hans Vijlbrief aconteceu depois de, sucessivamente, alguns dos seus potenciais adversários, provenientes da França e da Alemanha, terem desistido de se candidatar, perante a evidente vantagem no número de apoios com que o holandês já contava. No jornal holandês De Volkskrant, que chama a Vijlbrief a “força calma de Bruxelas” é dito que Dijsselbloem optou por não tentar prolongar o seu mandato por mais seis meses à frente do Eurogrupo para não colocar em causa a possibilidade de Hans Vijlbrief assumir a presidência do Grupo de Trabalho do Eurogrupo.
Para Mário Centeno, uma coisa é certa, uma parte importante da sua capacidade de sucesso na nova tarefa irá depender do entendimento que conseguir gerar com Hans Vijlbrief relativamente à forma como devem ser desenvolvidos os trabalhos do Eurogrupo durante os próximos dois anos.