Três igrejas atacadas no Chile, dias antes da visita do Papa

Visita de Francisco ao Chile e ao Peru está marcada por fortes protestos por causa dos casos de abusos sexuais no seio da Igreja Católica.

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Preparativos para a chegada do Papa Francisco a Santiago Reuters/STRINGER

Pelo menos três igrejas foram vandalizadas no Chile, poucos dias antes da visita do Papa ao país, que começa segunda-feira. Para além do Chile, Francisco visita o Peru, onde a hierarquia católica foi abalada por um escândalo de abusos sexuais de menores.

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Pelo menos três igrejas foram vandalizadas no Chile, poucos dias antes da visita do Papa ao país, que começa segunda-feira. Para além do Chile, Francisco visita o Peru, onde a hierarquia católica foi abalada por um escândalo de abusos sexuais de menores.

Os ataques contra locais de culto católico na região metropolitana de Santiago multiplicaram-se na madrugada desta sexta-feira. Grupos de pessoas que ainda não foram identificadas atiraram engenhos explosivos caseiros contra as igrejas, causando pequenos incêndios, e pintaram mensagens nas paredes.

Os autores dos ataques também deixaram panfletos em que eram deixadas ameaças ao chefe da Igreja Católica: “Papa Francisco, a próxima bomba será na tua batina”, estava escrito numa delas, de acordo com a Reuters.

O Presidente eleito, Sebastián Piñera, afirmou que “o ódio e a intolerância não se podem sobrepor ao respeito nem ao Estado de direito”. A ainda Presidente, Michelle Bachelet, deixou apelos para que a visita do Papa seja vivida num “clima de respeito, solidariedade e alegria”.

Na agenda de Francisco está incluído um encontro com vítimas da ditadura de Augusto Pinochet, responsável pela execução e pelo desaparecimento de milhares de pessoas entre 1973 e 1990. Segundo uma sondagem do Latinbarómetro, os chilenos são os latino-americanos com pior opinião sobre o Papa e com menor confiança na Igreja Católica.

As autoridades estão ainda a tentar determinar a origem dos ataques de vandalismo, mas a imprensa local aponta para activistas defensores de causas indígenas. Esta manhã, os gabinetes de uma delegação do Ministério do Trabalho em Concepción (500 quilómetros a sul de Santiago) foram pintados com mensagens contra a visita do Papa.

Em causa está a luta do povo mapuche, que protesta contra o actual regime de distribuição de terras rurais. Durante a campanha eleitoral, Piñera prometeu reforçar a luta contra os indígenas, que apelida de “terroristas”.

A visita do Papa Francisco ao Chile e ao Peru também está marcada pelos escândalos de abusos sexuais na Igreja. Esta semana, o Vaticano assumiu o controlo de uma organização católica peruana, cujo líder e fundador é acusado de abusos sexuais de menores que a frequentavam.

O Ministério Público peruano pediu a prisão preventiva de Fernando Figari, fundador do Sodalício da Vida Cristã, uma associação da vida apostólica fundada em 1971 em Lima.

Também o Chile foi abalado por um escândalo de abusos sexuais que envolveu o padre Fernando Karadima, que acabou por ser afastado da Igreja pela Santa Sé.