Mário e Zita Rocha venderam mobiliário antigo, mas apostaram no minimalista
Ele é português, ela venezuelana. Casaram e montaram o negócio de mobiliário, fábricas e lojas. A Antarte dá cartas em Portugal e no estrangeiro.
Mário Rocha, 44 anos, cresceu “no meio do serrim”, conta por entre risos, numa das fábricas de mobiliário que abriu com a mulher Zita Rocha, 42, na Rebordosa, perto de Paredes. Antes e depois da escola todos os caminhos iam dar à fábrica de mobiliário do pai, em Paredes. "Aos 13 anos tinha de carregar a caldeira com os resíduos antes de ir para as aulas", lembra. Aos 19, começou a trabalhar a área comercial e "ia de porta em porta". Toda a vida viveu rodeado de peças de mobiliário, para em adulto fazer disso profissão. Em 1999, o casal fundou a Antarte.
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Mário Rocha, 44 anos, cresceu “no meio do serrim”, conta por entre risos, numa das fábricas de mobiliário que abriu com a mulher Zita Rocha, 42, na Rebordosa, perto de Paredes. Antes e depois da escola todos os caminhos iam dar à fábrica de mobiliário do pai, em Paredes. "Aos 13 anos tinha de carregar a caldeira com os resíduos antes de ir para as aulas", lembra. Aos 19, começou a trabalhar a área comercial e "ia de porta em porta". Toda a vida viveu rodeado de peças de mobiliário, para em adulto fazer disso profissão. Em 1999, o casal fundou a Antarte.
Aos 25 anos quis fazer algo de diferente na área do mobiliário, mas que não fosse concorrente da empresa do pai. Tirou cursos de contabilidade e de desenho técnico de móvel. Arrastou a mulher Zita Rocha, por essa altura dona de uma perfumaria, para a indústria do mobiliário. "Começámos em 1999 com a venda de peças de mobiliário antigas que adquiríamos. Ainda me lembro do escritório ser num dos quartos da nossa casa e de termos um armazém noutro local", recorda Mário Rocha. A mulher acabou por tirar um curso de decoração e é ela quem decora as casas dos clientes com o mobiliário da empresa e depois completa os ambientes com cortinas, tapetes, iluminação e peças decorativas que compra a outros fornecedores. Zita ainda coordena a equipa de duas dezenas de arquitectos e designers de interior, enquanto o marido gere a empresa que tem 180 funcionários, dos quais 120 estão em Portugal.
O casal diz que tem feito tudo para estar na vanguarda. Por exemplo, em 2000, Mário e Zita viram que as marcas estrangeiras faziam um design mais minimalista. "Fomos das primeiras marcas portuguesas a apostar nesse design e hoje somos líderes", orgulha-se Mário Rocha, que um ano depois abria, em Rebordosa, a primeira fábrica, três anos depois abre uma nova unidade fabril para onde se transferiram, a dois quilómetros de distância. É dali que saem as mais variadas peças de mobiliário, sendo as cadeiras o objecto mais procurado.
Todo o processo começa no andar de cima com a concepção e design do produto para depois seguir para a fábrica no piso inferior onde se vêem pilhas de madeira e troncos de Cryptomeria japónica, uma árvore que Mário Rocha descobriu recentemente nos Açores e está a utilizar no fabrico de mobiliário. "Foi um verdadeiro achado. É ecológico, tem um cheiro agradável e está a ser um sucesso", diz, entusiasmado enquanto aponta para os troncos dispostos no chão que podem ser transformados em mesas. Conta que já mobilou um hotel nos Açores com peças fabricadas nesta madeira. "É como se fosse uma obra de arte, porque depois não há nenhuma peça de mobiliário igual", acrescenta Zita. O casal pretende criar uma unidade nos Açores para trabalhar esta madeira.
Mas voltando a 2009, por essa altura os empresários abriram mais outra fábrica nas mediações só para fabrico de cadeirões e sofás. Antes disso, o casal abriu a primeira loja com mobiliário de fabrico próprio no Porto e, actualmente, tem um total de oito espaços no país, além de lojas na África do Sul, Angola e Gana. Em breve, vai abrir em Marrocos e São Tomé e Príncipe. A exportação tem um peso significativo nas vendas, representa 50%, num segmento de classe média-alta. Só em 2017, a Antarte facturou seis milhões de euros, prevendo-se um crescimento de 30% este ano.