É oficial. Dados dos “testes do pezinho” revelam quebra de natalidade em 2017
Balanço do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge mostra que no ano passado foram rastreados menos 1397 bebés do que em 2016. Distrito de Viana do Castelo com a maior descida: 11%.
Quando foram divulgados os dados dos “testes do pezinho” para os primeiros oito meses de 2017, já se antevia que no final de Dezembro o número total de nascimentos seria menor do que nos anos anteriores, contrariando assim a tendência de aumento da natalidade que se mantinha desde 2014. Os números finais dos exames de rastreio feitos aos recém-nascidos, divulgados nesta quarta-feira pelo Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (Insa), confirmam. No ano passado houve menos 1397 bebés testados do que em 2016, o que equivale a uma quebra de 1,6%.
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Quando foram divulgados os dados dos “testes do pezinho” para os primeiros oito meses de 2017, já se antevia que no final de Dezembro o número total de nascimentos seria menor do que nos anos anteriores, contrariando assim a tendência de aumento da natalidade que se mantinha desde 2014. Os números finais dos exames de rastreio feitos aos recém-nascidos, divulgados nesta quarta-feira pelo Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (Insa), confirmam. No ano passado houve menos 1397 bebés testados do que em 2016, o que equivale a uma quebra de 1,6%.
Esta foi a primeira vez desde 2013 que os números caíram. Depois de uma diminuição acentuada nesse ano, os nascimentos foram aumentando de forma constante e só em 2017 se voltou a registar um decréscimo. Passou-se de 87.577 bebés rastreados em 2016 no âmbito do Programa Nacional de Diagnóstico Precoce para 86.180 em 2017.
Só cinco distritos contrariam esta tendência. A variação entre 2016 e 2017 foi positiva no caso de Faro (0,1%), Castelo Branco (0,9%), Madeira (4,3%), Bragança (4,3%) e Portalegre (4,4%). No extremo oposto, ficaram Viana do Castelo e Guarda, com menos 11% e menos 9%, respectivamente, em relação ao ano anterior. Já em termos absolutos, a maior diferença em relação aos números de 2016 registou-se no Porto (-304 bebés), Leiria (-210) e Santarém (-199).
Na quarta-feira o Diário de Notícias divulgou dados do Ministério da Justiça que apontam para a mesma tendência. Segundo o Ministério da Justiça, a diferença entre 2016 e 2017 foi de menos 2702 bebés. Ou seja, uma redução de 3%. A discrepância entre as duas fontes de informação — Justiça e Insa — tem a ver com o tipo de dados que são recolhidos. A Justiça quantifica o registo civil de todas as crianças nascidas no país. O Insa não mede directamente o número de nascimentos, antes contabiliza os “testes do pezinho” (um rastreio feito aos bebés entre o 3.º e o 6.º dia de vida, que tem como objectivo despistar, ou caso seja necessário, tratar precocemente 24 doenças raras) realizados ao longo do ano.
O teste não é obrigatório, mas segundo o instituto tem uma taxa de cobertura próxima dos 100%.
Maria Filomena Mendes, presidente da Associação Portuguesa de Demografia, explica que a diminuição da natalidade era esperada e já era possível antevê-la na redução de nascimentos entre o segundo semestre de 2016 e o mesmo período de 2015.
A especialista avança ainda que este decréscimo “é a tendência”, uma vez que mesmo com o aumento verificado entre 2014 e 2016, “nunca houve recuperação em relação ao período anterior à crise”.
Esse aumento foi “responsabilidade dos segundos e em alguns casos terceiros filhos”, detalha a investigadora. Representam os bebés que “os pais adiaram durante a crise, entre 2010 e 2013”.