Há mais alunos com sucesso. Mas ainda são a minoria
Dados divulgados pelo Ministério da Educação mostram que o desempenho dos alunos continua a ser fortemente marcado pelo género e pelo meio de origem.
Tanto no 3.º ciclo como no ensino secundário houve, no passado ano lectivo, mais alunos a conseguirem concluir estes níveis de escolaridade sem chumbar pelo caminho e alcançando nota positiva nos exames nacionais do 9.º e 12.º ano, segundo mostram dados divulgados nesta quinta-feira pelo Ministério da Educação (ME).
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Tanto no 3.º ciclo como no ensino secundário houve, no passado ano lectivo, mais alunos a conseguirem concluir estes níveis de escolaridade sem chumbar pelo caminho e alcançando nota positiva nos exames nacionais do 9.º e 12.º ano, segundo mostram dados divulgados nesta quinta-feira pelo Ministério da Educação (ME).
Mas tanto no ensino básico como no secundário a maioria dos alunos continua ainda a não ter um “percurso directo de sucesso”.
É este o nome do indicador que, a partir do ano passado, passou a dar conta da proporção de estudantes que conseguiu, em simultâneo, não chumbar em nenhum dos anos do respectivo ciclo de estudos e ter nota positiva nos principais exames finais. São os chamados, pelo ministério, “percursos directos de sucesso”.
Estes dados “permitem contrariar análises simplistas e não induzir algumas más práticas educativas” nas escolas, ao contrário do que sucede com os rankings tradicionais, elaborados só com base nas notas dos exames, frisou o secretário de Estado da Educação, João Costa. Um exemplo: o indicador, quando usado para comparar escolas, “penaliza as que estão a chutar alunos para fora para não ficarem mal" nessas estatísticas.
Em 2016/2017, 46% dos alunos que concluíram o 9.º ano tiveram um “percurso directo de sucesso”. Dois antes tinham sido 42%. No 12.º ano a evolução foi mais pronunciada, tendo passado de 31% em 2013/2014 para 42% em 2016/2017.
Em declarações aos jornalistas, João Costa considerou que estas subidas se poderiam justificar pela “ligeira subida da média dos exames nacionais” registada no ano passado em quase todas as disciplinas e por algum impacto das acções entretanto adoptadas pelas escolas no âmbito do programa de promoção do sucesso escolar, lançado no ano lectivo passado.
O governante frisou, contudo, que esta evolução deve ser “olhada com cautela” porque em educação dois anos não são tempo suficiente para identificar tendências.
O que dados divulgados nesta quinta-feira também mostram é que o desempenho dos alunos continua a ser marcado fortemente pelo género e pelo meio de origem dos estudantes. Tanto no ensino básico como no secundário existe uma maior proporção de raparigas e de alunos oriundos de meios mais favorecidos entre aqueles que conseguem percursos directos de sucesso.
Alguns dados: no final de 2016/17, mais de metade (51%) das raparigas que concluíram o 9.º ano de escolaridade conseguiram fazê-lo após um percurso limpo de chumbos, enquanto nos rapazes 41% conseguiram o mesmo. No 12.º ano estes valores baixam, respectivamente, para 47% e 37%.
Já em relação ao contexto socioeconómico, verifica-se que há mais percursos "limpos de chumbos" entre os alunos que não têm acção social escolar (ou seja, não são considerados carenciados). Entre estes 54% conseguiram concluir o 9.º ano sem terem reprovado em nenhum ano do 3.º ciclo e obtendo positiva nos exames. No 12.º ano, 44% dos não carenciados conseguiram o mesmo. Os alunos que têm direito apoios de acção social são oriundos de agregados familiares cujo rendimento mensal é igual ou inferior ao salário mínimo nacional. Existem dois escalões, sendo que o escalão A é o que corresponde ao apoio prestado aos alunos mais carenciados. Neste grupo, apenas 22% conseguiram concluir o 9.º ano com um percurso directo de sucesso. No 12.º ano não foram mais do que 28%.