Trump chama "merdosos" ao Haiti e a alguns países africanos

Os comentários do Presidente dos EUA numa reunião na Casa Branca deixaramo os congressistas chocados.

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LUSA/SHAWN THEW

Numa reunião na Sala Oval da Casa Branca com alguns congressistas, foi proposto a Donald Trump um acordo para a imigração que protegesse pessoas originárias do Haiti e de vários países africanos. O Presidente norte-americano terá então questionado por que é que os Estados Unidos deveriam receber pessoas de “países merdosos” [“shithole countries”, no original] e se não seria preferivel abrir as portas a cidadãos de países como a Noruega.

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Numa reunião na Sala Oval da Casa Branca com alguns congressistas, foi proposto a Donald Trump um acordo para a imigração que protegesse pessoas originárias do Haiti e de vários países africanos. O Presidente norte-americano terá então questionado por que é que os Estados Unidos deveriam receber pessoas de “países merdosos” [“shithole countries”, no original] e se não seria preferivel abrir as portas a cidadãos de países como a Noruega.

A informação foi avançada por diversos órgãos de comunicação social norte-americanos, que citam fontes com conhecimento directo desta conversa. De acordo com essas informações, os congressistas presentes na reunião, alguns deles democratas, ficaram chocados com os comentários do Presidente.

A discussão centrava-se na necessidade de um acordo bipartidário para conceder estatuto legal a imigrantes que entraram ilegalmente, ainda crianças, nos EUA. Mas, quando Trump ouviu a sugestão de incluir haitianos, perguntou: “Porque é que queremos aqui pessoas do Haiti?”, cita o New York Times. Depois, terá questionado, segundo o Washington Post: “Porque é que temos todas estas pessoas de países merdosos a virem para cá?”, referindo-se não só ao Haiti mas também a países africanos, acrescentando que os EUA deveriam receber cidadãos de países como a Noruega.

Numa resposta escrita enviada ao New York Times, Raj Shah, porta-voz adjunto da Casa Branca, não confirmou nem desmentiu este relato: “Certos políticos de Washington escolhem lutar por países estrangeiros, mas o Presidente Trump vai sempre lutar pelo povo americano”. “Tal como outros países que têm uma política de imigração baseada no mérito, o Presidente Trump está a lutar por soluções permanentes para tornar o nosso país mais forte ao receber quem pode contribuir para a nossa sociedade, fazer crescer a nossa economia e assimilar-se na nossa grande nação”, acrescentou. 

Trump “sempre rejeitará as medidas temporárias, débeis e perigosas que ameacem as vidas dos norte-americanos que trabalham duro, e que prejudiquem aqueles imigrantes que procuram uma vida melhor nos Estados Unidos através de uma via legal”, acrescentou o mesmo porta-voz.

O Presidente dos Estados Unidos recorreu ao calão, com a expressão “shithole countries”, depois de dois senadores lhe terem apresentado um projecto de lei migratório ao abrigo do qual seriam concedidos vistos a alguns cidadãos de países que foram recentemente retirados do Estatuto de Protecção Temporária (TPS, na sigla em inglês), como El Salvador, Haiti, Nicarágua e Sudão.

O TPS é um benefício concedido pelos Estados Unidos a imigrantes indocumentados, que não podem regressar aos países devido a conflitos civis, desastres naturais ou outras circunstâncias extraordinárias, permitindo-lhes trabalhar no país com uma autorização temporária.

O projecto de lei negociado por seis senadores de ambos os partidos, republicano e democrata, prevê a eliminação da chamada “lotaria dos vistos”, programa electrónico que selecciona aleatoriamente imigrantes de países com baixas taxas de migração para os Estados Unidos.

Anualmente, cerca de 50 mil pessoas entram no país através desse programa que abre caminho à cidadania norte-americana e que beneficia maioritariamente países de África.

Fonte do Senado, que pediu o anonimato, indicou à agência de notícias espanhola EFE, que metade desses vistos seria consignada aos que até agora estavam protegidos ao abrigo do TPS e que a outra metade estaria reservada a imigrantes com qualificações profissionais que merecem entrar nos Estados Unidos, o famoso “mérito” defendido por Trump. com Lusa