Kodak lança criptomoeda e acções sobem mais de 100%
Empresa quer usar a tecnologia para o pagamento de direitos de autor a fotógrafos.
As acções da Kodak subiram quase 120% depois de a empresa mostrar um aparelho para gerar bitcoins na CES (o KashMiner), e anunciar a sua própria moeda virtual, a KodakCoin. Faz parte da KodakOne, uma iniciativa que utiliza a tecnologia de blockchain para ajudar os fotógrafos a proteger o direito às suas imagens.
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As acções da Kodak subiram quase 120% depois de a empresa mostrar um aparelho para gerar bitcoins na CES (o KashMiner), e anunciar a sua própria moeda virtual, a KodakCoin. Faz parte da KodakOne, uma iniciativa que utiliza a tecnologia de blockchain para ajudar os fotógrafos a proteger o direito às suas imagens.
A blockchain é uma base de dados distribuída que nasceu com a bitcoin e serve para registar todas as transacções efectuadas. Isto permite evitar burlas porque o registo é permanente e todas as partes ligadas à rede têm a sua cópia da base de dados. O objectivo da Kodak é que os fotógrafos sejam pagos sempre que alguém utilize as suas fotografias – que ficam registadas na blockchain – sem autorização.
Depois de os fotógrafos registarem as suas imagens na blockchain e de estas serem validadas, o serviço navega a Internet para procurar sites a utilizar as mesmas fotografias sem autorização e pedir um pagamento. Os fotógrafos podem escolher ser pagos em KodakCoin, ou outra divisa. A Kodak, porém, também recebe parte do dinheiro. Os fotógrafos recebem 60% e a Kodak e a Wenn Digital (uma agência de paparazzi que opera o serviço de blockchain da Kodak) dividem os restantes 40%.
“Para muitos no mundo da tecnologia, blockchain e criptomoedas são temas quentes,” admitiu o presidente da Kodak, Jeff Clark, em comunicado. “Para os fotógrafos que lutam para manter o controlo do seu trabalho e da forma como é utilizado, estas palavras são cruciais para resolver um problema que parece impossível.”
Para obter financiamento, a empresa marcou uma oferta inicial de moedas (ICO) para dia 31 de Janeiro. A Kodak é apenas uma das empresas a entrar no mundo das divisas digitais. Com o valor da bitcoin – a divisa digital mais popular do mundo – a subir mais de 1300% ao longo do último ano, o mercado torna-se atraente.
Fundada pelo inventor do filme de rolo George Eastman, em 1892, a Kodak abandonou há muito a sua era dourada. Desde 2012 – altura em que a pioneira da fotografia declarou falência – que tem tentado recuperar relevância. Apesar da popularidade das suas máquinas fotográficas nos anos 80 e 90, a emergência dos smartphones tem dificultado a tarefa.
A Kodak também desenvolveu o KashMiner, um aparelho para gerar bitcoins. O aparelho está em exposição na CES, a grande feira de electrónica de consumo a decorrer até dia 12 de Janeiro, em Las Vegas. De acordo com a Kodak, é preciso pagar 3400 dólares para utilizar o aparelho durante dois anos (os custos de electricidade são pagos pela empresa). O dinheiro obtido é depois dividido entre a Kodak e o utilizador.
O esquema tem sido criticado por alguns nas redes sociais, mas a empresa diz que durante esse período a máquina deve conseguir produzir cerca de 375 dólares mensais ao preço actual da bitcoin (que ronda os 13,8 mil dólares). É uma afirmação controversa devido à volatilidade da moeda, que – apesar da tendência ascendente ao longo do último ano –, é conhecida por períodos de grandes quedas ou subidas.