Retomadas comunicações militares entre as duas Coreias

Pyongyang manifestou a intenção de enviar uma delegação composta por altos funcionários, atletas e animadores aos Jogos Olímpicos.

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Este foi o primeiro encontro entre as duas Coreias desde Dezembro de 2015 LUSA/JUNG UI-CHEL / POOL

Os Exércitos da Coreia do Norte e da Coreia do Sul comunicaram nesta quarta-feira pela primeira vez em quase dois anos através de uma linha cuja reactivação foi anunciada na véspera, na histórica reunião entre representantes de Seul e Pyongyang.

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Os Exércitos da Coreia do Norte e da Coreia do Sul comunicaram nesta quarta-feira pela primeira vez em quase dois anos através de uma linha cuja reactivação foi anunciada na véspera, na histórica reunião entre representantes de Seul e Pyongyang.

Os Exércitos realizaram, com normalidade, testes de troca de mensagens através da linha recentemente reaberta, confirmou um porta-voz do Ministério da Defesa da Coreia do Sul à agência de notícias Efe. Trata-se da linha destinada a comunicações militares na região junto ao mar Amarelo (chamado mar do Oeste nas duas Coreias).

Pyongyang tinha deixado de utilizá-la em Fevereiro de 2016 em protesto pelo encerramento do complexo industrial intercoreano de Kaesong, decidido unilateralmente por Seul como retaliação pelo desenvolvimento de armas nucleares por parte de Pyongyang.

Durante o encontro de alto nível de terça-feira, o primeiro entre as duas Coreias desde Dezembro de 2015, Pyongyang tinha já informado Seul que tinha voltado a ligar esta via de comunicação. Durante a reunião, Pyongyang aceitou também a proposta de Seul de realizarem futuras conversações de cariz militar para apaziguar os ânimos junto à tensa fronteira entre os dois lados da Coreia, que se encontra tecnicamente em guerra há 65 anos.

Nesse sentido, espera-se que o Ministério da Defesa da Coreia do Sul proponha, nesta semana ou na próxima, uma data e um lugar para a realização do primeiro desses encontros. Os militares das duas Coreias não se reúnem desde Outubro de 2014. Desde então as relações bilaterais deterioram-se progressivamente face ao contínuo desenvolvimento do programa de armas nucleares de Pyongyang e ao aumento dos desentendimentos fronteiriços que incluiu troca de tiros de advertência.

A reunião de terça-feira, realizada em Panmunjom, aldeia fronteiriça onde foi assinado o armistício da Guerra da Coreia (1950-53), deu importantes sinais de aproximação entre Seul e Pyongyang.

Isto depois de 2017 ter ficado marcado por três ensaios nucleares e o lançamento de múltiplos mísseis balísticos por parte da Coreia do Norte, agravados pela retórica bélica do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que tem trocado insultos pessoais e ameaças de guerra com o líder norte-coreano, Kim Jong-un.

No encontro, Pyongyang manifestou a intenção de enviar uma delegação composta por altos funcionários, atletas e animadores aos Jogos Olímpicos de Inverno, que se celebram a partir de 9 de Fevereiro em PyeongChang, na Coreia do Sul.

A Coreia do Sul propôs, por seu lado, organizar então conversações militares para aliviar a tensão transfronteiriça e a retoma das reuniões de famílias separadas pela guerra, mas sobre este tema a Coreia do Norte ainda não se pronunciou.