Vai haver atletas das Coreias lado a lado, mas o nuclear fica de fora

Pyongyang rejeita incluir programa de armamento nuclear nas discussões que encetou com Seul. Governo sul-coreano pode permitir entrada de dirigentes norte-coreanos alvo de sanções.

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A Coreia do Norte vai enviar uma delegação de atletas para participar nos Jogos Olímpicos de Inverno organizados pelo Sul, mas não se compromete a discutir o seu programa de armamento nuclear.

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A Coreia do Norte vai enviar uma delegação de atletas para participar nos Jogos Olímpicos de Inverno organizados pelo Sul, mas não se compromete a discutir o seu programa de armamento nuclear.

O encontro desta terça-feira entre as delegações das duas Coreias – o primeiro em mais de dois anos – foi saudado um pouco por todo o mundo. Em causa está a garantia de um período de acalmia em torno da Península Coreana, onde nos últimos dois anos a tensão atingiu níveis altamente perigosos por causa dos testes balísticos e nucleares realizados pela Coreia do Norte.

Mas Seul queria alargar o âmbito das discussões com o Norte a outros temas, especialmente o programa nuclear. Porém, logo após a reunião, Pyongyang desfez qualquer ilusão nesse sentido, esclarecendo que o seu armamento está direccionado apenas “contra os Estados Unidos, e não aos irmãos” sul-coreanos. “Esta não é uma questão entre a Coreia do Sul e do Norte, e abordá-la traria consequências negativas e arriscaria reduzir a nada todas as nossas conquistas de hoje”, afirmou o presidente do comité responsável pela “reunificação” da península, Ri Son-gwon, que liderou a comitiva norte-coreana.

Tal como esperado, a reunião entre responsáveis governamentais das duas Coreias centrou-se sobretudo nos termos da participação norte-coreana nos Jogos Olímpicos que vão decorrer em Fevereiro na cidade de Pyeongchang. A Coreia do Norte concordou em enviar uma delegação composta por atletas, dirigentes, apoiantes, artistas, espectadores, jornalistas e ainda uma equipa de taekwondo para uma demonstração. Em cima da mesa está ainda a possibilidade de atletas dos dois países desfilarem em conjunto durante a cerimónia de abertura, marcada para 9 de Fevereiro – retomando uma prática de outras competições.

“As pessoas têm um forte desejo em ver o Norte e o Sul a aproximarem-se da paz e da reconciliação”, afirmou o ministro sul-coreano para a Unificação, Cho Myoung-gyon, que chefiou a equipa que integrou a reunião na aldeia de Panmunjom, na zona desmilitarizada entre os dois países.

Ri, o seu homólogo norte-coreano, descreveu o encontro como “um presente de ano novo”. “Há um ditado que diz que uma viagem a dois dura mais do que uma feita sozinha”, acrescentou o dirigente responsável pelo comité de “reunificação”.

Os dois lados concordaram ainda em promover um encontro entre familiares que estão separados desde a Guerra da Coreia (1950-53) durante o próximo mês – uma medida que não é inédita nos tempos recentes.

A Coreia do Sul disponibilizou-se a levantar algumas proibições de entrada no país actualmente impostas a dirigentes do regime norte-coreano, de forma a possibilitar a sua estadia no país durante a competição. A iniciativa pode encontrar alguma resistência por parte de aliados como os EUA e o Japão, que defendem uma política de “máxima pressão” sobre Pyongyang. Porém, o Governo sul-coreano garantiu que qualquer levantamento de sanções será discutido no âmbito do Conselho de Segurança da ONU.

Os resultados do encontro entre as Coreias foram bem recebidos em Pequim e Moscovo – países que defendem um congelamento do programa nuclear norte-coreano em troca de uma suspensão dos exercícios militares dos EUA com os aliados asiáticos. “Este é precisamente o tipo de diálogo que dizíamos ser necessário”, disse um porta-voz do Governo russo. A China deixou um apelo para que “a comunidade internacional dê encorajamento aos dois lados”.

O Presidente norte-americano, Donald Trump, disse que a retoma do diálogo entre os dois países “é uma coisa boa” e garantiu que os EUA irão envolver-se no processo “na altura apropriada”. Antes do encontro, a Coreia do Sul e os EUA tinham concordado em adiar os exercícios militares agendados para o mês de Fevereiro, para não coincidirem com os Jogos Olímpicos de Inverno.