Martins da Cruz admite que Angola suspenda presença na CPLP

Presidente angolano considera "uma ofensa" o tratamento de Manuel Vicente pela justiça portuguesa.

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Martins da Cruz foi Ministro dos Negócios Estrangeiros e das Comunidades Portuguesas entre 2002 e 2003 AP/AP/ARMANDO FRANCA

O embaixador Martins da Cruz, antigo ministro português dos Negócios Estrangeiros, receia que o desenrolar do caso em torno do ex-vice-Presidente Manuel Vicente ponha ainda mais em causa as relações entre Portugal e Angola, depois do Presidente angolano João Lourenço, em conferência de imprensa esta segunda-feira, ter considerado a atitude da justiça portuguesa “uma ofensa" para Luanda.

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O embaixador Martins da Cruz, antigo ministro português dos Negócios Estrangeiros, receia que o desenrolar do caso em torno do ex-vice-Presidente Manuel Vicente ponha ainda mais em causa as relações entre Portugal e Angola, depois do Presidente angolano João Lourenço, em conferência de imprensa esta segunda-feira, ter considerado a atitude da justiça portuguesa “uma ofensa" para Luanda.

As relações bilaterais de Portugal com Angola "estão neste momento congeladas", disse o embaixador em declarações ao Diário de Notícias. E Martins da Cruz acredita que "nada garante que Angola não decida suspender a sua presença na CPLP” depois de Portugal ter recusado o pedido de transferência para Luanda do processo contra Manuel Vicente.

Tem sido intenção do novo Presidente angolano, João Lourenço, desde o início do seu mandato no Verão de 2017, e de muitos outros membros do governo de Luanda, de ver o antigo vice-presidente Manuel Vicente ser julgado em Luanda e não em Portugal, ao abrigo dos acordos judiciários entre os dois países. No entanto, e “lamentavelmente", nas palavras de Lourenço, Portugal não satisfez o pedido de Luanda, "alegando que não confia na justiça angolana”, segundo disse ontem o Presidente em conferência de imprensa. Lourenço acrescentou ainda que considera a atitude de Portugal “uma ofensa” e que não irá aceitar “este tipo de tratamento”.

“Não estamos a pedir que seja absolvido, não estamos a pedir que o processo seja arquivado. Nós não somos juízes, não temos competência para dizer se o engenheiro Manuel Vicente cometeu ou não o crime de que é acusado. Isso que fique bem claro: a intenção não é livrar o engenheiro Manuel Vicente da acusação”, frisou o Presidente angolano na segunda-feira.

Em causa está o processo conhecido como Operação Fizz, em que Manuel Vicente é suspeito de ter corrompido o procurador português Orlando Figueira para que arquivasse processos judiciais em que era visado. O início do julgamento está marcado para 22 de Janeiro, no Tribunal Judicial de Lisboa. Até agora, o governo português não fez qualquer tipo de comentário em relação a este processo. 

Texto editado por Pedro Guerreiro