Protestos violentos na Tunísia contra o aumento dos preços

Líder da oposição promete continuar com manifestações nas ruas. Reformas económicas exigidas como contrapartida de empréstimo do FMI na origem da insatisfação.

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Manifestação em Túnis Zoubeir Souissi/REUTERS

O maior partido da oposição da Tunísia, a Frente Popular, liderada por Hamma Hammami, apelou à continuação dos protestos contra o Orçamento “injusto” para 2018, que prevê aumentos dos preços e dos impostos. Na noite de segunda-feira, as manifestações transformaram-se em confrontos violentos com a polícia em pelo menos dez cidades, relata a Reuters, e um manifestante morreu em Tebourba, a cerca de 40 quilómetros da capital, Tunes.

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O maior partido da oposição da Tunísia, a Frente Popular, liderada por Hamma Hammami, apelou à continuação dos protestos contra o Orçamento “injusto” para 2018, que prevê aumentos dos preços e dos impostos. Na noite de segunda-feira, as manifestações transformaram-se em confrontos violentos com a polícia em pelo menos dez cidades, relata a Reuters, e um manifestante morreu em Tebourba, a cerca de 40 quilómetros da capital, Tunes.

A entrada em vigor, a 1 de Janeiro, de novos preços do gasóleo, do telefone e do acesso à Internet, agravados por novos impostos, foram o gatilho destes protestos, explica o Le Monde. Estas medidas destinam-se a compensar as perdas de investimento estrangeiro e no turismo, que era a grande fonte de rendimento da Tunísia, mas que foi gravemente afectado pelos atentados terroristas. Mas o desemprego e a falta de crescimento da economia são problemas antigos.

O primeiro-ministro, Youssef Chahed, tentou acalmar os manifestantes anti-austeridade prometendo que 2018 seria o último ano de dificuldades económicas. “As pessoas têm de compreender que esta situação é extraordinária e que o país está a passar dificuldades. Mas acreditamos que 2018 será o último ano difícil para os tunisinos”, afirmou Chahed, citado pela Reuters.

Este agravamento de preços e a austeridade resultam do empréstimo concedido pelo Fundo Monetário Internacional à Tunísia, no valor de 2800 milhões de dólares (2350 milhões de euros), a troco de reformas económicas.

Para o líder da Frente Popular, no entanto, esta é uma oportunidade de trazer a luta para as ruas. “Vamos permanecer nas ruas e aumentar o ritmo dos protestos até que este Orçamento injusto seja abandonado”, prometeu Hammami.

A data do aniversário da queda do regime autocrático de Zine El-Abidine Ben AliBen Ali - 14 de Janeiro de 2011, nos protestos que deram origem às Primaveras Árabes - aproxima-se, e nos últimos anos tem havido manifestações contra a precaridade económica e social nesta altura do ano.

Porém, estes protestos não estão a ter a dimensão das manifestações pró-democracia de 2011.

“O que aconteceu esta noite não teve nada a ver com protestos por causa da democracia. Queimaram duas esquadras, pilharam lojas e bancos e danificaram edifícios em muitas cidades”, disse o porta-voz do Ministério do Interior, Khelifa Chibani. Adiantou que foram detidas 44 pessoas por possuirem facas, atearem fogos e pilharem lojas. Há sempre o perigo de os protestos serem aproveitados para cometer atentados - a Tunísia é a origem de muitos soldados do grupo jihadista Daesh.

Analistas ouvidos pela Reuters dizem que o primeiro-ministro poderia alterar algumas das reformas para acalmar as tensões sociais. Foi já obrigado a aumentar o salário da função pública sob pressão dos sindicatos, bem como a pôr de lado alguns despedimentos.