A odisseia do gato que passou o Natal perdido no aeroporto de Lisboa
Jackie devia ter embarcado rumo à Madeira a 21 de Dezembro. Só chegou ao seu destino esta segunda-feira.
Um gato que andou perdido no Aeroporto de Lisboa, quando deveria ter embarcado a 21 de Dezembro no voo TP 1683 rumo à Madeira, chegou esta segunda-feira à região, devido à persistência da dona e após 19 dias de odisseia.
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Um gato que andou perdido no Aeroporto de Lisboa, quando deveria ter embarcado a 21 de Dezembro no voo TP 1683 rumo à Madeira, chegou esta segunda-feira à região, devido à persistência da dona e após 19 dias de odisseia.
Jackie, gato branco e preto de seis anos de idade, e o cão Max, seu companheiro de casa, apresentaram-se a 21 de Dezembro no Aeroporto Humberto Delgado nas respectivas caixas transportadoras para embarcarem para a Madeira.
Cumprida hora e meia de viagem, felino e canídeo eram esperados no Aeroporto Cristiano Ronaldo, nessa quinta-feira, pela dona.
Sandra Freitas foi, no entanto, surpreendida pela falta do gato, já que a caixa transportadora de Jackie chegou vazia e sem porta.
"Eu já estava na Madeira, mas o meu marido ainda estava em Lisboa. Nós tínhamos decidido passar o Natal e o Fim de Ano na Madeira e, como eram alguns dias, decidimos trazer os animais também. O meu marido foi entregá-los no terminal de carga, mas como vinha na easyJet, e esta companhia não permite o transporte de animais, teve que os embarcar na TAP", contou à agência Lusa.
Apresentada queixa à companhia aérea TAP e à ANA - Aeroportos de Portugal, Sandra Freitas começou de imediato a procurar o gato e até se deslocou a Lisboa oito dias, a expensas da operadora aérea nacional.
Face ao insucesso, a dona do gato, castrado e com um chip, voltou à Madeira, mas a vontade em encontrar o animal de estimação não esmoreceu. O caso foi, entretanto, referido nas redes sociais.
Sandra pediu ajuda à Associação Gatos Urbanos, que indicou, por sua vez, uma equipa de resgate - a SARTEAM. Ambas as entidades ajudaram-na a pressionar o aeroporto e a TAP para insistir nas buscas.
"Houve centenas de partilhas nas redes sociais e houve muitas pessoas que trabalham no aeroporto que se encarregaram, pessoalmente, de procurar o gato. Houve pessoas que nem sequer estavam ligadas à TAP, nem à Groundforce, que me ajudaram", disse.
Jackie foi avistado a 3 de Janeiro por um funcionário da Portway perto da zona do terminal de carga. Estava a comer "junto de uma gatinha, porque lá há colónias de gatos perdidos", referiu a dona.
"Chamei logo a equipa de resgate da SARTEAM, que vedou o espaço do contentor onde ele se encontrava por debaixo, deixando apenas uma saída em direcção à armadilha montada com vista à sua captura", relatou.
A solução não resultou, mas a equipa de resgate e o veterinário do aeroporto conseguiram autorização para entrar no contentor de carga. Desparafusaram a chapa inferior e conseguiram, assim, alcançar o gato, a 5 de Janeiro.
Jackie embarcou num avião rumo à Madeira, numa caixa transportadora, mas os ventos pregaram-lhe nova partida e fizeram-no regressar a Lisboa, onde passou o fim de semana na casa de uma auxiliar de veterinária, amiga de Sandra Freitas.
Ao final destes dias todos, Sandra Freitas diz que se não fosse a sua insistência e perseverança, Jackie seria mais um gato errante entre os muitos que deambulam pelo aeroporto.
"Ainda por cima estou grávida, não imagina o desgosto que apanhei. Passei stress e ansiedade que nunca devia ter passado numa altura destas da minha vida", observou, referindo que continua sem saber como é que o gato desapareceu.
A Lusa contactou a TAP, que remeteu informações para a Groundforce.
Groundforce diz que desaparecimento de Jackie foi "caso isolado"
A Groundforce Portugal anunciou que o desaparecimento do gato Jackie no Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, "foi um caso isolado" entre "os 25 animais vivos de várias dimensões e para várias companhias" que a empresa manuseia diariamente.
"Este foi um caso isolado e que obteve, desde o primeiro momento, a nossa maior atenção, tendo assegurado, de imediato, a disponibilidade de uma equipa de resgate para solucionar o ocorrido", refere a Groundforce, em comunicado.
A empresa diz estar a desenvolver "um processo interno para averiguar o que sucedeu" e realça que "tem normas rígidas acerca do transporte e manuseamento animal, cumprindo todos os protocolos e certificações internacionais neste sector, nomeadamente da ISAGO". "A Groundforce Portugal fica satisfeita com o desfecho desta situação", declara.