TAP transportou mais 22% de passageiros em 2017

Permanência de Fernando Pinto na liderança da empresa deverá ficar clarificada dentro de dias.

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Fernando Pinto lidera a TAP desde 2000 Nuno Ferreira Santos

A TAP transportou 14.274 mil passageiros no ano passado, o que representa uma subida de 21,7% face a 2016, de acordo com os dados da empresa.

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A TAP transportou 14.274 mil passageiros no ano passado, o que representa uma subida de 21,7% face a 2016, de acordo com os dados da empresa.

Em comunicado, a transportadora área diz que Dezembro serviu para consolidar o crescimento registado nos outros meses do ano, com 11.69 mil passageiros (mais 18,4%). Já a taxa de ocupação em 2017 “ascendeu aos 82,9%, mais 4,3 pontos percentuais que no ano anterior”.

A 19 de Dezembro, num encontro com jornalistas, o actual presidente executivo, Fernando Pinto, já adiantara vários indicadores. E que, além da maior oferta (em rotas e número de lugares), tinha-se verificado uma conquista de quota de mercado à concorrência, incluindo às low cost, já que a oferta disponível da empresa tinha subido 8%.

No comunicado distribuído esta segunda-feira, a empresa destaca que, só no caso do mercado norte-americano, para onde foram abertas novas rotas, o crescimento de passageiros foi de 54,5%, chegando aos 729 mil. Já o Brasil, mercado fulcral para a TAP, subiu 14% para 1,6 milhões de passageiros. Em termos nacionais, a primazia cabe à ligação entre Porto e Lisboa, por causa da ponte aérea, com 726 mil passageiros em 2017 (ficando acima de Lisboa-Madrid).

De acordo com os dados agora divulgados pelo regulador do sector, o INAC, no terceiro trimestre do ano passado a TAP detinha a segunda posição em termos de quota de mercado de passageiros no Porto (com 17%, bem abaixo da Ryanair), quando no mesmo período de 2016 esse lugar era da Easyjet.

Antonoaldo Neves, o "sucessor lógico"

O mês de Dezembro, disse Fernando Pinto no encontro com jornalistas, seria fundamental para perceber se o grupo conseguia ter um resultado líquido positivo, com o sucesso da transportadora aérea a compensar o insucesso do negócio de manutenção no Brasil.

Neste momento, falta ainda perceber se Fernando Pinto sai do cargo que ocupa desde 2000, algo que deverá ficar clarificado até ao final da semana que vem. A assembleia geral extraordinária para eleger os órgãos sociais que vão liderar a empresa até 2020 já foi convocada, como noticiou o Jornal de Negócios, para o próximo dia 31 de Janeiro.

Na ordem de trabalhos está também a ratificação da cooptação de Antonoaldo Neves para a administração, em substituição de Urban. Se, ao que tudo indica, Fernando Pinto deixar a liderança da TAP, é Antonoaldo Neves quem se perfila para o substituir, por indicação do consórcio privado formado por David Neeleman, Humberto Pedrosa e os chineses da HNA e em consonância com o Estado (dono de 50% do capital, contra 45% dos privados, cabendo 5% aos trabalhadores).

Ex-presidente executivo da Azul, Antonoaldo Neves foi o responsável pela entrada em bolsa da transportadora aérea brasileira criada por Neeleman. No caso de este gestor passar para a presidência, fica por preencher um cargo de administrador executivo.

Em Setembro, Trey Urbahn já apontava Antonoaldo Neves -- que chegou à TAP apenas em Julho, e após a assembleia geral extraordinária que reconfigurou a administração  da empresa -- como o “sucessor lógico” de Fernando Pinto

No almoço com jornalistas, e num ambiente que sugeria o fim de um ciclo na TAP, Fernando Pinto, embora afirmasse que nada estava ainda decidido, disse que a empresa “tem de apostar em novos talentos”. Depois, recordou que tinha sido contratado pelo Estado para privatizar a empresa, algo que já está feito e “com sucesso”.

“Estou absolutamente realizado” na TAP, vincou Fernando Pinto, que mostrou o desejo de manter-se ligado de alguma forma à empresa quando ocorresse o momento de saída (nem que fosse como accionista, disse com humor o gestor). Uma forma de o fazer, na ausência de criação de um novo cargo no grupo, seria mantê-lo na esfera da TAP como consultor.