João Fiadeiro, Joana Craveiro e Henrique Amoedo são os novos artistas residentes do Teatro Viriato
Relação com a instituição estender-se-á por quatro anos, ao contrário do que acontecia até aqui.
João Fiadeiro, Joana Craveiro e Henrique Amoedo serão, durante os próximos quatro anos, artistas residentes no Teatro Viriato, de Viseu, dando assim o seu contributo ao panorama cultural da região.
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João Fiadeiro, Joana Craveiro e Henrique Amoedo serão, durante os próximos quatro anos, artistas residentes no Teatro Viriato, de Viseu, dando assim o seu contributo ao panorama cultural da região.
O anúncio foi feito esta segunda-feira, em conferência de imprensa, pela directora do Teatro Viriato, Paula Garcia, que explicou o porquê na mudança da estratégia ao nível dos artistas residentes, que até aqui permaneciam apenas um ano junto da instituição. "Decidimos que um ano era pouco e que poderíamos prolongar a estadia do artista residente (um artista de fora da cidade, que é convidado a olhar para a cidade, para estar connosco), e projectámos esta relação a quatro anos", avançou, considerando que assim se conseguirá "uma relação muito mais consequente para todos".
Ao invés de ter apenas um artista residente, o Teatro Viriato vai passar a acolher três, acrescentou.
Segundo Paula Garcia, João Fiadeiro, coreógrafo da geração que deu origem à Nova Dança Portuguesa, vai estar mais dedicado à dança contemporânea e ao pensamento. "Vai estar connosco muito numa relação de discussão, de propostas para a comunidade, muito próxima eventualmente até com a academia, com as escolas", explicou.
Joana Craveiro, directora artística do Teatro do Vestido, vai "trabalhar sobre a identidade e a memória da cidade", enquanto Henrique Amoedo vai dar continuidade a um projecto em curso de dança inclusiva e criar em Viseu o primeiro núcleo do grupo Dançando com a Diferença, da Madeira, do qual é fundador e director, acrescentou.
Paula Garcia anunciou ainda que, no próximo trimestre, vai ter início o ciclo Noite Fora, que envolve os artistas associados do Teatro Viriato, ou seja, artistas residentes em Viseu que têm uma relação muito próxima e trabalham em coprodução com esta estrutura. Sónia Barbosa, Jorge Fraga e Guilherme Gomes são alguns dos artistas que vão participar no Noite Fora, que consiste na organização de encontros abertos ao público para a leitura em voz alta de textos literários.
"É um projecto que vai estar connosco nos próximos quatro anos e onde vão surgir, em cada edição, encenadores ou actores que são convidados a escolher um texto para os ler, em conjunto com o público, num formato muito acolhedor", explicou.
Nos próximos quatro anos, o Teatro Viriato pretende também ter uma relação muito próxima com as universidades do país, convidando criadores nacionais que têm teses de doutoramento a partilhá-las com o público.
"No fundo, é partilhar toda a investigação no domínio artístico. São bastantes os doutoramentos feitos no país em várias universidades, e gostaríamos de os trazer a público e também ter momentos de discussão entre o artista e o público", referiu Paula Garcia, que está apostada em trabalhar "a área do pensamento, mas sempre numa relação muito aberta de discussão".
A directora do Teatro Viriato avançou ainda que outra novidade será passar a "convidar pessoas de Viseu para dirigirem conversas com artistas" o que, neste primeiro trimestre de 2018, acontecerá em dois momentos de música.
"Vamos começar, logo no início da temporada, com Júlio Pereira, para o qual convidamos o João Luís Oliva, uma pessoa que há muitos anos acompanha o seu trabalho", referiu, acrescentando que depois haverá também uma conversa com músicos da banda Mão Morta, dirigida pela associação Fora de Rebanho.
A nova temporada
Na temporada que agora começa, o Teatro Viriato vai ser palco da estreia nacional, a 8 de Fevereiro, do espetáculo Vader, dos belgas Peeping Tom, considerada uma das mais conceituadas companhias de dança europeias, anunciou também Paula Garcia. A peça, que constitui o primeiro capítulo de uma trilogia dedicada à família, estará dias depois no Centro Cultural Vila Flor, de Guimarães, onde integrará o programa do próximo GUIdance. O segundo capítulo da mesma trilogia, Moder, teve já apresentações em Almada e Guimarães (e foi considerado um dos melhores espectáculos do ano passado pelo Ípsilon).
Na área da dança, o Viriato receberá também Síndrome, da Companhia Olga Roriz, que propõe "imaginar o que é estar num ambiente pós-guerra".
Será ainda apresentada, de regresso a Portugal, a coreografia de Ivana Muller Partituur (a 11 de Março), direccionada para crianças e famílias. Estreada em 2011, a peça apresenta-se em Viseu no âmbito da digressão europeia da artista de origem croata, baseada em França.
No que respeita ao teatro, estreia-se, no início de Fevereiro, o espectáculo Por amor!, de Patrícia Portela, em cocriação com Leonor Barata, que conta com a participação especial de Sónia Baptista e de Thiago Arrais.
A versão integral de Um D. João Português, de Luis Miguel Cintra (26 e 27 de Fevereiro), Sopro, de Tiago Rodrigues (2 e 3 de Março), que o Teatro Nacional D. Maria II estreou no Festival de Avignon no ano passado, As Cidades Invisíveis (15 e 16 de Fevereiro), de Alex Cassal, estreada no Teatro Maria Matos, e Pangeia (7 e 8 de Março), de Tiago Cadete, uma viagem sonora e visual, pelo universo dos irmãos Grimm, são outras propostas.
A temporada do Teatro Viriato abre a 19 de Janeiro, com uma proposta musical, a apresentação do novo trabalho de Júlio Pereira, intitulado Praça do Comércio.
As propostas musicais prosseguem com o jazz de Ricardo Toscano e de João Paulo Esteves da Silva (2 de Fevereiro), com a trompetista e compositora Susana Santos Silva (28 de Março) e com o rock da banda Mão Morta (17 de Março).
A programação do Teatro Viriato inclui ainda novo circo, com João Paulo Santos de regresso a Viseu para interpretar Mundo interior (24 de Fevereiro), espectáculo que resulta de um sonho antigo do dramaturgo e encenador João Garcia Miguel e do actor, vindo do seu trabalho conjunto no Chapitô, em Lisboa.