Empresário paga 25,5 milhões por destruir relíquia do Neolítico para construir bebedouros de cabras

Tribunal da cidade espanhola de Huesca confirmou a multa a Victorino Alonso por ter destruído, em 2007, a chamada gruta de Chaves para construir bebedouros e comedouros para cabras.

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Segundo uma especialista, “destruir a Cueva de Chaves é o equivalente, para o neolítico, a destruir agora Barcelona” DR

O Tribunal de Huesca, em Espanha, confirmou a multa de 25,5 milhões de euros aplicada ao empresário Victorino Alonso por ter destruído uma zona arqueológica para construir bebedouros e comedores para cabras. Um juiz da cidade da região de Aragão tinha condenado o polémico empresário mineiro em 2016. Victorino Alonso apresentou recurso, mas a sentença foi mesmo confirmada, noticia o El País.  

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O Tribunal de Huesca, em Espanha, confirmou a multa de 25,5 milhões de euros aplicada ao empresário Victorino Alonso por ter destruído uma zona arqueológica para construir bebedouros e comedores para cabras. Um juiz da cidade da região de Aragão tinha condenado o polémico empresário mineiro em 2016. Victorino Alonso apresentou recurso, mas a sentença foi mesmo confirmada, noticia o El País.  

O caso remonta a 2007, tendo o processo judicial sido iniciado depois de uma denúncia apresentada pela associação Acção Pública para a Defesa do Património e da organização Ecologistas em Acção.

Numa sentença considerada histórica em Espanha, foi dado como provado que Alonso utilizou uma retroescavadora de “grande tonelagem” para nivelar o solo numa zona onde está situada a chamada Cueva de Chaves (Gruta de Chaves, em português). Esta gruta está situada numa quinta de caça que é propriedade de uma das empresas de Alonso — que, por sua vez, está inserida numa zona protegida. A empresa dona da propriedade chegou até a autorizar a entrada de arqueólogos para estudar a gruta, lembra o El País. Apesar disso, em 2008, descobriu-se que o solo nessa zona havia sido nivelado e transformado em bebedouros e comedouros para cabras e que a Cueva de Chaves tinha desaparecido.

A primeira sentença recorreu a testemunhos de especialistas para aplicar a multa milionária. Por exemplo, uma catedrática em Arqueologia, Pilar Utrilla, afirmou que a Cueva de Chaves era a “segunda zona arqueológica mais importante de Espanha”, e foi aí que se descobriu material crucial para se compreender a evolução de espécies como o lince-ibérico e do já extinto íbex-dos-pirenéus. “Destruir a Cueva de Chaves é o equivalente, para o Neolítico, a destruir agora Barcelona”, sublinhou a especialista.