"Estado social não pode fornecer todos os serviços de modo tendencialmente gratuito"
Candidato à liderança do PSD respondeu a perguntas de militantes na sua primeira intervenção da convenção nacional.
O candidato à liderança do PSD Pedro Santana Lopes defendeu neste sábado que o Estado não pode fornecer todos os serviços a todos de modo tendencialmente gratuito, devendo diferenciar os cidadãos em função dos seus rendimentos.
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O candidato à liderança do PSD Pedro Santana Lopes defendeu neste sábado que o Estado não pode fornecer todos os serviços a todos de modo tendencialmente gratuito, devendo diferenciar os cidadãos em função dos seus rendimentos.
Na primeira intervenção na Convenção Nacional da sua candidatura, Santana Lopes respondeu a perguntas que lhe foram enviadas por militantes e que foram seleccionadas e projectadas num ecrã gigante.
Questionado por um militante do Estoril como poderão os pensionistas com menos recursos pagar os lares, Santana Lopes disse preferir falar em Estado solidário a falar em Estado social.
"A minha ideia é complementar à que tem sido seguida pelo Estado social, eu prefiro falar em Estado solidário. O Estado solidário liga-se mais com o conceito de cada um dever ser tratado em função dos seus rendimentos, o Estado social não pode fornecer todos os serviços de modo tendencialmente gratuito", afirmou, apontando como exemplo a área da saúde, para a qual há seguros privados para quem tem mais rendimentos.
No caso concreto dos lares, o candidato defendeu que uma parte do esforço contributivo para a Segurança Social deve "ficar consignado para esse tempo de dependência física mais tarde".
A primeira intervenção de Santana Lopes na Convenção começou cerca de uma hora depois do previsto e três horas depois de a iniciativa ter arrancado e que o candidato disse ter acompanhado pelas redes sociais.
Além desta questão, o candidato respondeu, sentado sozinho no palco central da convenção, a mais cinco perguntas relacionadas com as comunidades, as desigualdades sociais, os cidadãos com deficiência e as regiões autónomas.
Sobre esta última questão, Santana defendeu ser o tempo de fazer "um balanço" sobre o relacionamento da República com Madeira e Açores e iniciar um "novo ciclo", considerando que a crise financeira deixou alguns "dossiês pendentes por resolver" com as regiões autónomas.
Às comunidades, o antigo primeiro-ministro prometeu atenção redobrada a "quem está longe" e defendeu que o voto electrónico deve ser introduzido "logo que seja possível em termos de segurança e respeito pela pureza da liberdade individual".
O candidato apontou, no campo da inclusão, que deve ser assegurado que as regras para a construção de edifícios acessíveis sejam cumpridas e propôs o aumento dos estímulos fiscais para as empresas que dêem trabalho e oportunidades aos cidadãos com limitações físicas.
A Convenção Nacional da candidatura de Pedro Santana Lopes arrancou já depois das 16h30, com a intervenção de abertura a cargo do mandatário nacional e presidente da Câmara de Viseu, Almeida Henriques, que recolheu o primeiro aplauso da sala, no auditório principal do pavilhão Carlos Lopes, em Lisboa, ao elogiar "a excelente performance" de Pedro Santana Lopes, no debate de quinta-feira, na RTP.
"Ficou bem provado como é que um percurso político pode formar a pessoa certa, ficou bem provado quem está preparado para governar o país e quem é que faz trapalhadas", afirmou.
Seguiram-se painéis temáticos, sobre o crescimento económico, a coesão do território, a importância da inovação, a celeridade da justiça e políticas sociais.
No painel sobre crescimento económico, no qual foi também orador Braga de Macedo, o presidente executivo da Endesa Portugal Nuno Ribeiro da Silva foi muito crítico da actual solução governativa, que acusou de "anacronismo ideológico"
"Podíamos estar a crescer muito mais se houvesse bom senso e não houvesse um discurso agressivo com o sector privado", defendeu, criticando o PS por ter rompido o compromisso assumido com o PSD para a redução do IRC.
O PSD escolherá o próximo presidente a 13 de janeiro em eleições directas, que são disputadas por Pedro Santana Lopes e Rui Rio.