Hospitais já abriram 80% das camas previstas no plano da gripe
Unidades das regiões norte e de Lisboa e Vale do Tejo já abriram a maior parte das camas previstas no plano de contingência para a gripe. SNS foi reforçado com mais 144 enfermeiros.
São as duas maiores regiões do país e já abriram 80% das camas extras que estão previstas no plano de contingência do Inverno para fazer face ao aumento de situações graves a precisar de internamento. Segundo a Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS), a região norte tinha previsto um máximo de 258 camas, das quais 213 estão abertas. Na região de Lisboa e Vale do Tejo, adiantou o presidente da Administração Regional de Saúde, 80% das 700 camas previstas também já estão a ser usadas ou disponíveis para internar doentes.
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São as duas maiores regiões do país e já abriram 80% das camas extras que estão previstas no plano de contingência do Inverno para fazer face ao aumento de situações graves a precisar de internamento. Segundo a Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS), a região norte tinha previsto um máximo de 258 camas, das quais 213 estão abertas. Na região de Lisboa e Vale do Tejo, adiantou o presidente da Administração Regional de Saúde, 80% das 700 camas previstas também já estão a ser usadas ou disponíveis para internar doentes.
Portugal já está em epidemia de gripe e são vários os hospitais a accionar os seus planos de contingência. Um dos exemplos é o Centro Hospitalar Lisboa Norte (que inclui Santa Maria), que registou mais de 900 episódios de urgência em 24 horas, entre quarta-feira e quinta-feira. Em comunicado, a administração adiantou que o aumento da procura “e subsequente aumento da necessidade de internamento levou à abertura de 40 camas” adicionais para dar resposta aos doentes. “De referir que nos últimos dois dias a taxa de internamento passou de 10,6% para 12,2%, em linha com o crescimento da complexidade dos doentes e das comorbilidades próprias da sua elevada faixa etária.”
Também o Hospital de São José, em Lisboa, abriu camas adicionais na quarta-feira, adiantou Luís Pisco, presidente da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT). A região ainda tem 140 camas por abrir. “Ainda há capacidade para aumentar a resposta. São camas de internamento em serviços que não são de medicina, há quartos que podem ser transformados, camas contratadas externamente à Cruz Vermelha e um protocolo que temos com os hospitais militares. A rede de cuidados continuados também está a fazer um enorme esforço para ter vagas para os chamados casos sociais”, explicou.
A norte, a capacidade está praticamente esgotada, com 213 camas já abertas, segundo dados da ACSS. O Centro Hospitalar Gaia-Espinho é um dos exemplos. Em comunicado enviado à Lusa, a administração diz que na última semana de 2017 “o fluxo de doentes muito graves tem conduzido a cerca de 40 internamentos diários”. Semana em que registou um aumento de 25% na ida de utentes à urgência.
O presidente da Associação dos Administradores Hospitalares, Alexandre Lourenço, explicou que esta é a primeira medida que os hospitais tomam para aumentar a capacidade de resposta no internamento. Se não for suficiente, procuram dar prioridade às cirurgias de ambulatório e adiam cirurgias programadas para libertar mais camas para internamento. Para já desconhece que tenha acontecido. Certo, diz, é que houve reforço de recursos humanos: “144 enfermeiros foram contratados ao abrigo do plano de contingência, além dos profissionais que viram os seus contratos revistos para sem termo.”
Nesta quinta-feira, em conferência de imprensa realizada na Direcção-Geral da Saúde (DGS) para fazer o balanço da gripe, Ricardo Mestre, vogal da ACSS, adiantou que “alguns hospitais estavam pontualmente a suspender cirurgias programadas para dar resposta às necessidades de internamento”. O responsável disse que as unidades têm conseguido responder ao acréscimo de episódios de urgência e que só em algumas situações pontuais o tempo de espera foi superior à média.
Também a directora-geral da Saúde, Graça Freitas, salientou que apesar do aumento da pressão junto dos hospitais, a procura tem sido moderada e controlada. A responsável lembrou que os centros de saúde estão a funcionar com horários alargados, situação que se vai manter, e que também estes têm registado mais procura.
Descida de temperaturas
Segundo a ACSS, “entre 20 de Dezembro de 2017 e 2 de Janeiro deste ano os centros de saúde realizaram, em média, por dia, 1106 consultas de doença aguda em serviços de atendimento complementar, por cada 100.000 inscritos”. Um mês antes, esse número estava nos 972.
Apesar do reforço, Alexandre Lourenço defendeu que é preciso mais para evitar um cenário nos hospitais que já se tornou habitual nos invernos. “Tem de haver mais resposta nos cuidados domiciliários e integração com o sector social. Grande parte das situações que aparecem nas urgências são pessoas frágeis, economicamente desfavorecidas. A população está cada vez mais envelhecida e em situação de exclusão social. Apelo a uma abordagem mais integrada de políticas”, diz, dando o exemplo de países que dão apoio financeiro para o aquecimento das casas.
Estão em circulação dois tipos de vírus da gripe A (o H1 e o H3), ambos contemplados na vacina que este Inverno está a ser ministrada à população, e ainda dois vírus tipo B, da linhagem Yamagata e Victoria. A directora-geral da Saúde explicou, na conferência, que o vírus dominante até ao momento é o B Yamagata. Esta estirpe não está contemplada na vacina deste ano, mas isso não representa uma situação preocupante. “O vírus B provoca épocas gripais mais moderadas e com menor agressividade.”
Desde o início da época gripal foram assistidas nas unidades de cuidados intensivos 15 doentes, oito dos quais na última semana. Sobretudo doentes idosos e com outras doenças associadas. A mortalidade está dentro dos valores esperados.
Graça Freitas adiantou que “nunca foram vacinadas tantas pessoas como nesta época gripal, com mais de 1,3 milhões de pessoas vacinadas no SNS”. Ainda sem contar com as vacinas dadas nos lares.
A partir desta sexta-feira as temperaturas vão descer por causa da passagem de uma superfície frontal fria. O Instituto Português do Mar e da Atmosfera prevê para a madrugada de amanhã temperaturas abaixo de 0ºC nas terras altas do Norte e Centro — situação que deverá manter-se no início da próxima semana, estando depois prevista uma massa de ar mais quente que vai trazer chuva. A DGS divulgou vários conselhos à população: para manter o corpo quente usar luvas, cachecol, gorro/chapéu, calçado e roupa quente; manter a hidratação com bebidas e sopas quentes, usar sapatos quentes e ter cuidados com as condições do piso para evitar as quedas.