Rui Rio: “Não gostei do debate”, mas “também sei fazer truques”

O candidato à liderança do PSD, em entrevista ao PÚBLICO/Rádio Renascença, admitiu que pensou que Santana Lopes “não iria tão longe”

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Primeiro debate aconteceu na RTP Miguel Manso

Um dia depois do duelo televisivo em que Pedro Santana Lopes jogou ao ataque e obrigou Rui Rio a ficar à defesa, o ex-autarca do Porto admite que “não gostou” do debate, que foi alvo de ataques com “mentiras e meias verdades” e que já o tinham “avisado” sobre a estratégia do antigo primeiro-ministro. Em entrevista ao PÚBLICO/Rádio Renascença, que será divulgada na próxima segunda-feira, Rui Rio reconhece que os debates têm “muito de fait-divers” e diz que também sabe fazer “truques”.

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Um dia depois do duelo televisivo em que Pedro Santana Lopes jogou ao ataque e obrigou Rui Rio a ficar à defesa, o ex-autarca do Porto admite que “não gostou” do debate, que foi alvo de ataques com “mentiras e meias verdades” e que já o tinham “avisado” sobre a estratégia do antigo primeiro-ministro. Em entrevista ao PÚBLICO/Rádio Renascença, que será divulgada na próxima segunda-feira, Rui Rio reconhece que os debates têm “muito de fait-divers” e diz que também sabe fazer “truques”.

O primeiro debate televisivo, esta quinta-feira à noite na RTP, revelou muitos pontos de concordância entre os dois candidatos à liderança do PSD em áreas programáticas, mas também intensa uma troca de acusações sobre o passado. Quer o passado de Santana Lopes como primeiro-ministro – experiência que “correu mal, muito mal” – quer também o de Rui Rio como convidado de iniciativas ligadas à esquerda ou a sua actuação como antigo vice-presidente do PSD. Quando entraram em diálogo – num tratamento informal por ‘tu’ – o ex-autarca do Porto mostrou não conseguir responder assertivamente às farpas lançadas pelo adversário. “Eu não gostei do debate. E se eu tenho entrado na mesma táctica que entrou o meu adversário, qual seria a imagem que o PSD tinha dado ao país?”, questionou o candidato, considerando que houve uma “série de ataques pessoais, uns mentiras, outros meias verdades, outros verdades”. Sentiu que estava num duelo semelhante ao que aconteceu entre António Costa e António José Seguro na disputa interna do PS em Setembro de 2014. “Isso entristece-me porque eu fui para ali debater os problemas do país, do PSD”, lamentou.

Questionado sobre se o frente-a-frente confirmou as reticências que tinha sobre debates, Rio negou ter essas objecções, mas admitiu que “têm muito de fait-divers”. “Os debates, seja onde for, na América ou na Europa, têm truques. Eu também sei fazer esses truques”, afirmou, justificando a sua posição com a necessidade de “não abrir feridas” que não possam ser “saráveis”, depois das eleições directas do próximo sábado.

Depois do primeiro embate televisivo, o que ficou a pensar de Santana Lopes? “Já me tinham avisado, apesar de eu o conhecer bem, que ele poderia ir por um caminho deste género”, revelou, embora admita surpresa. “Pensei que não iria tão longe. Pensei que só jogasse com verdades e não com meias verdades”, disse, referindo-se à acusação de ter falado numa iniciativa da Associação 25 de Abril, em 2013. Essa acusação – considerou – “é grave do ponto de vista democrático”.

O ex-autarca do Porto teme pela imagem “degradante” que o PSD poderia dar, se entrasse “no mesmo jogo” do seu adversário. E deixa um aviso sobre a sua postura nos próximos debates televisivos: “Não colaboro”.